Principal destino de refugiados da Ucrânia, Polônia já recebeu 3,5 milhões de pessoas

No início de março, cem mil pessoas chegavam por dia ao país. Em maio, o registro é de 20 mil chegadas diárias, segundo a ONU

Com um registro de mais de 3,5 milhões de pessoas que fugiram para a Polônia desde a invasão russa à Ucrânia, em 24 de fevereiro, a Acnur (Agência da ONU para Refugiados) continua ampliando suas operações para fornecer ajuda aos recém-chegados, disse a porta-voz da agência, Olga Sarrado, nesta sexta-feira (27).

“A Polônia continua sendo o principal país de chegada de refugiados da Ucrânia”, afirmou ela.

E, embora o ritmo tenha diminuído em comparação com o início de março, quando mais de cem mil pessoas chegavam por dia, maio continuou a testemunhar cerca de 20 mil chegadas diárias.

Embora mais pessoas estejam indo e voltando pela fronteira com a Ucrânia, por motivos que incluem visitar familiares ou retornar ao trabalho, Sarrado disse que, dadas as hostilidades em andamento, “a Polônia espera continuar recebendo e hospedando um número considerável de refugiados”.

“Os refugiados recém-chegados geralmente vêm de áreas fortemente afetadas pelos combates, alguns tendo passado semanas escondidos em abrigos antiaéreos e porões”, disse a porta-voz. “Muitas vezes chegam em estado de angústia e ansiedade, deixando familiares para trás, sem um plano claro de para onde ir e com menos recursos econômicos e conexões do que aqueles que fugiram antes.”

Deslocados ucranianos que receberam abrigo na Polônia em função da guerra (Foto: Michal Korta/Unicef)

Juntamente com as questões sobre transporte, apoio financeiro, alojamento e acesso a serviços sociais, as principais preocupações dos refugiados giram em torno dos serviços de saúde e das necessidades médicas.

“A Polônia implementou sistemas para garantir permanência legal, acesso ao emprego, educação, saúde e outros esquemas de assistência social para refugiados ucranianos”, disse Sarrado.

As autoridades polonesas registaram mais de 1,1 milhões de pessoas, 94% das quais são mulheres e crianças, fornecendo-lhes um número de identificação estatal que permite o acesso aos serviços.

Assistência em dinheiro

Apoiando os esforços liderados pelo governo, a Acnur está ajudando com serviços de proteção, assistência em dinheiro, suprimentos de emergência e capacidade de recepção.

“A Acnur lançou seu programa de assistência em dinheiro em março”, disse Sarrado, acrescentando que, até o momento, a agência estabeleceu oito centros de registro de dinheiro nas principais áreas de acolhimento de refugiados, incluindo Varsóvia, Cracóvia, Poznan, Wroclaw, Ostroda, Gdynia e Gdansk.

“Mais de cem mil refugiados da Ucrânia já receberam apoio financeiro da Acnur para cobrir suas necessidades básicas, como pagar aluguel ou comprar comida e remédios”, segundo a porta-voz

O dinheiro é fornecido por um período de três meses para os mais necessitados, servindo como uma rede de segurança de emergência transitória, até que eles possam se sustentar melhor ou serem incluídos nos sistemas de proteção social do governo.

“Quase 20% dos refugiados inscritos para assistência em dinheiro têm necessidades específicas”, explicou Sarrado.

Em conjunto com o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), a Acnur criou 12 espaços na Polônia nos quais os refugiados podem receber apoio psicossocial imediato e acessar informações sobre direitos e serviços. A assistência de proteção crítica também é prestada a pessoas com necessidades específicas, incluindo encaminhamentos para serviços especializados e aconselhamento jurídico.

Enquanto isso, a Acnur continua a entregar suprimentos humanitários da Polônia para a Ucrânia. Até agora, enviou 139 caminhões para ajudar as pessoas deslocadas e afetadas por conflitos dentro do país.

“As pessoas e autoridades da Polônia demonstraram extraordinária generosidade em acolher refugiados da Ucrânia”, disse Sarrado. “Um forte compromisso e apoio da comunidade internacional serão cruciais para sustentar essa solidariedade”.

A porta-voz da Acnur diz que são necessários US$ 740,6 milhões para cobrir as necessidades prioritárias da Polônia, sendo que o plano foi financiado até agora em apenas 25%.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News

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