Polônia distribui ‘pílulas antirradiação’ em meio aos combates perto de usina nuclear

Medida é preventiva para o caso de as lutas no entorno da usina de Zaporizhzhya, na Ucrânia, resultarem em vazamento radioativo

A Polônia, receosa quanto à situação na usina nuclear de Zaporizhzhya, na Ucrânia, ocupada pelas forças russas desde o início da guerra e cenário de combates desde então, distribuiu comprimidos de iodo para bombeiros regionais e recomendou que fossem administrados à população em caso de exposição radioativa, disse um vice-ministro na quinta-feira (22). A medida é preventiva. As informações são da agência Reuters.

Também conhecido como “pílula antirradiação”, o comprimido auxilia na proteção à tireoide de um indivíduo exposto à radiação, prevenindo também, o câncer no caso de um acidente nuclear ou outra exposição à radiação.

Usina nuclear de Zaporizhzhya, na Ucrânia (Foto: Wiklimedia Commons)

Para os ucranianos, tem sido inevitável relembrar a catástrofe de 1986 de Chernobyl ao observar a situação de Zaporizhzhya. Frequentes bombardeios ameaçam a usina e a infraestrutura de energia externa, e um desastre nos moldes de 36 anos atrás poderia causar grande impacto nas cidades próximas ou potencialmente dentro de uma região muito maior.

“Depois das reportagens sobre batalhas perto da usina nuclear de Zaporizhzhya, decidimos, com antecedência, tomar medidas de proteção para distribuir iodo”, disse o vice-ministro do Interior polonês Blazej Pobozy à imprensa local, acrescentando que as ações são rotineiras e preventivas e têm vistas a proteger a população de “uma situação que espero que não aconteça”.

O temor quanto às alegações de que o presidente Vladimir Putin possa fazer uso de armas nucleares já havia mobilizado os moradores da região a estocarem iodo logo no início da guerra, em 24 de fevereiro.

Enquanto isso, as ofensivas russas seguem a todo vapor por lá. Segundo relatou na quinta-feira (22) o chefe da administração militar local, Oleksandr Starukh, as tropas do Kremlin dispararam nove mísseis contra a cidade de Zaporizhzhya, que atingiram um hotel e uma estação de energia.

Mesmo com todos os riscos já alertados pelos especialistas, fechar as usinas nucleares – o país possui quatro – em meio à invasão russa não é uma opção. A Ucrânia precisa de seus 15 reatores, responsáveis por 50% do abastecimento elétrico.

Apesar de os prédios que abrigam os seis reatores de Zaporizhzhya serem revestidos de concreto armado, o que garante resistência, segundo especialistas, não há usina nuclear civil no mundo projetada para uma situação de guerra.

Tags: