Premiê da Eslováquia diz que Ucrânia não será aceita na Otan enquanto ele governar o país

Robert Fico promete usar controle sobre o parlamento local e o poder de veto como Estado-Membro para impedir adesão de Kiev

No que depender do primeiro-ministro da Eslováquia Robert Fico, a Ucrânia não será aceita como membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). O chefe de governo prometeu no domingo (6) que usará sua influência sobre o parlamento local e o poder de veto como Estado-Membro da aliança para recusar qualquer tentativa de adesão de Kiev. As informações são do site Politico.

“Enquanto eu for chefe do governo eslovaco, darei instruções aos parlamentares que estão sob meu controle como presidente do partido [governante Smer] para nunca concordar com a adesão da Ucrânia à Otan”, disse Fico em um programa semanal da televisão estatal.

A manifestação do político esquerdista eslovaco surge na sequência da posse do novo chefe da Otan, Mark Rutte, que na semana passada reiterou seu forte-posicionamento pró-Ucrânia e prometeu batalhar para o país ser aceito como membro tão logo se encerre a guerra contra a Rússia.

Robert Fico, primeiro-ministro da Eslováquia (Foto: WikiCommons)

Rutte, que foi primeiro-ministro da Holanda, assumiu o cargo de secretário-geral da aliança militar substituindo Jens Stoltenberg, outro que pregava a adesão ucraniana. Para um país ser aceito, entretanto, é necessária aprovação unânime dos membros, bastando um voto em contrário para o acesso ser negado.

Assim, Fico tem ao menos até o final de 2027, quando termina seu mandato no governo eslovaco, para impor a barreira à entrada de Kiev. Uma situação semelhante à enfrentada recentemente por Finlândia e sobretudo Suécia, que tiveram a adesão dificultada pelos vetos impostos por Turquia e Hungria.

A Turquia bloqueou por meses as pretensões suecas acusando o país de acolher membros de grupos curdos classificados por Ancara como terroristas. Estocolmo teve que ceder a algumas exigências turcas para receber o aval.

A Hungria acompanhou o voto em contrário em parte motivada pela proximidade que mantém com Moscou, para quem o ingressos das nações escandinavas representa uma ameaça territorial.

Fico retornou ao cargo de primeiro-ministro após as eleições parlamentares de outubro do ano passado, um resultado que levantou preocupações nos EUA e na União Europeia (UE) devido à postura anti-Kiev do premiê, semelhante à do primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán.

O premiê se opõe às sanções impostas pelo Ocidente à Rússia e questiona o apoio da Otan à Ucrânia. Durante a campanha, pregou a suspensão do envio de armas ao país invadido e a atribuição de responsabilidade pela guerra também ao Ocidente e a Kiev, não somente a Moscou.

As políticas de Fico combinam elementos de conservadorismo social, nacionalismo, retórica anti-LGBT e promessas de benefícios sociais generosos, demonstrando uma agenda antiliberal eficaz, principalmente em pequenas cidades e áreas rurais. Ele já havia ocupado o cargo de primeiro-ministro, que deixou em 2018 devido a protestos após o assassinato de um jornalista que investigava a corrupção.

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