Putin acusa Ucrânia de invadir fronteira russa, enquanto Kiev afasta “provocação” do Kremlin

Presidente da Rússia definiu os eventos como "atos de terrorismo" e atribuiu o ataque a "neonazistas". Ucrânia nega a acusação

Moscou afirmou na quinta-feira (2) que um pequeno grupo armado ucraniano invadiu o território de Klimovo, na região russa de Bryansk, fronteira com a Ucrânia, e atirou contra civis. Kiev rechaçou a acusação do Kremlin e disse que tais alegações são uma “provocação” típica do país inimigo, que tem como objetivo justificar a invasão russa, que completou um ano no último dia 24. As informações são da rede CNN.  

Em comunicado emitido pela agência de mídia estatal RIA Novost, o FSB (Serviço Federal de Segurança russa), relatou que as forças locais atacaram os supostos invasores ucranianos – definidos como  “nacionalistas ucranianos armados que violaram a fronteira do Estado” – na região de Bryansk. A nota acrescentou que “para evitar baixas civis e danos à infraestrutura civil, o inimigo foi empurrado” de volta.

O grupo ucraniano foi acusado por uma autoridade política da região de disparar contra um carro, matar uma pessoa e ferir uma criança, além de fazer reféns em uma loja.

Soldados ucranianos na região de Donbass, na Ucrânia (Foto: Wikimedia Commons)

A imprensa local não veiculou nenhuma imagem dos supostos incidentes ou qualquer tipo de confronto ou um suposto ataque relatado pela Rússia.

Em um discurso televisionado, o presidente russo, Vladimir Putin, chamou os eventos de “atos de terrorismo”, atribuiu o ataque a “neonazistas” e acusou Kiev de abrir fogo contra civis. O incidente fez o chefe do Kremlin cancelar uma viagem ao sul do país, disse na quinta seu porta-voz, Dmitry Peskov.

Pelo Twitter, Mykhaïlo Podolyak, assessor do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, negou as alegações.

“A história do grupo de sabotagem é uma clássica provocação deliberada. A Rússia quer assustar seu povo para justificar o ataque a outro país e a pobreza crescente após o ano de guerra”, escreveu Podolyak.

O representante de Zelensky ainda enfatizou que seu país não ataca o território russo.

“Não enviamos grupos especiais de reconhecimento para lá, não matamos pessoas, principalmente civis. A Ucrânia não precisa disso. Este não é um objetivo estratégico e não faz sentido ir para lá”.

Segundo a agência Al Jazeera, dois vídeos que circulam na internet mostram homens armados autodenominados “Corpo de Voluntários Russos”. Eles alegam que cruzaram a fronteira para lutar contra o que eles chamam de “o sangrento regime de Putin e do Kremlin”. A autenticidade das imagens não foi confirmada pelo veículo catari.

De acordo com o jornal Financial Times, o Corpo de Voluntários Russos foi criado em agosto de 2022. Seu líder, Denis Nikitin, é um conhecido membro da extrema direita europeia. Ele descreve a milícia como um grupo de “voluntários russos que integra as Forças Armadas da Ucrânia”, ligação nunca confirmada por Kiev.

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