Justiça da Rússia classifica milícia ucraniana como ‘organização terrorista’

Devido ao rótulo, combatentes acusados de ligação com o Batalhão Azov podem ser condenados a prisão perpétua

A Suprema Corte da Rússia classificou oficialmente como “organização terrorista” o Batalhão Azov, uma milícia ultranacionalista ucraniana que Kiev havia incorporado à Guarda Nacional. As informações são do jornal independente The Moscow Times.

A manobra judicial permite que combatentes acusados por Moscou de servir ao Azov sejam julgados como terroristas, cuja pena prevista em caso de condenação varia entre os dez anos de cárcere e a prisão perpétua.

Esta foi a terceira tentativa da Justiça russa de adotar tal rótulo. Anteriormente, dois julgamentos que debateriam a questão foram adiados, em maio e junho deste ano.

Batalhão Azov em Mariupol: fita laranja nas mangas marca os ucranianos (Foto: Flickr)

A decisão já deve afetar prisioneiros de guerra ucranianos em poder dos russos. Cerca de 2,5 mil combatentes se renderam em Mariupol em maio, muitos deles integrantes do Batalhão Azov. Eles defendiam a siderúrgica de Azovstal, que fica na cidade.

Acredita-se que mil desses detidos foram levados à Rússia, sendo os demais mantidos prisioneiros por separatistas ucranianos apoiados por Moscou no leste da Ucrânia. As autoridades separatistas falam em julgar os detidos sob o risco de serem condenados à morte, gerando protestos internacionais.

“Estamos planejando organizar um tribunal internacional na república”, disse em maio Denis Pushilin, líder pró-Kremlin da República Popular de Donetsk (RPD). Segundo ele, 78 dos detidos são mulheres, e há diversos cidadãos estrangeiros entre os combatentes.

A situação envolvendo esses indivíduos tornou-se extrema no último final de semana, quando a Embaixada da Rússia em Moscou manifestou-se publicamente a favor de uma condenação “humilhante”, sugerindo que fossem executados por enforcamento no leste.

Kiev trabalha na tentativa de realizar uma nova troca de prisioneiros que permita libertar combatentes. Alguns foram envolvidos em um acordo do tipo em junho.

A relação entre o Batalhão Azov e as forças de segurança da Ucrânia é antiga. O grupo foi incorporado à Guarda Nacional a fim de formalizar a hierarquia do exército sobre os paramilitares que lutaram contra os separatistas apoiados pela Rússia em Donbass. A milícia ganhou fama ao liderar a batalha para recuperar Mariupol no conflito do leste, antes de a cidade ser novamente invadida na guerra atual, iniciada em 24 de fevereiro.

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