Putin disse a Xi que a Rússia lutará por cinco anos na Ucrânia, segundo jornal

Projeção de um conflito longo teria sido feita pelo líder russo durante reunião com o homólogo chinês em março deste ano

A Rússia planeja travar uma guerra de cinco anos contra a Ucrânia. A revelação teria sido feita pelo presidente russo Vladimir Putin ao homólogo chinês Xi Jinping durante uma reunião que os dois tiveram em março deste ano, segundo revelaram fontes não identificadas ao jornal Nikkei.

A suposta conversa teria ocorrido em um momento desfavorável para Moscou na guerra, e a projeção de Putin teria servido para assegurar à China que a Rússia sairia vitoriosa, mesmo tendo que enfrentar o poderoso arsenal fornecido por nações ocidentais, sobretudo os EUA, à Ucrânia.

De acordo com o periódico, a promessa de vitória feita pelo líder russo teria como objetivo assegurar a manutenção do apoio diplomático da China, que poderia se enfraquecer ante à perspectiva de insucesso frente às forças de Kiev.

Lado a lado: o presidente russo, Vladimir Putin, e o líder chinês, Xi Jinping (Foto: WikiCommons)

A revelação feita pelo jornal japonês vai de encontro a uma recente sinalização de Putin de que estaria aberto a negociar um cessar-fogo com Kiev, revelação feita no final da semana passada pelo The New York Times.

O presidente da Rússia teria admitido, em conversas informais com interlocutores, negociar o fim dos combates. A condição seria Kiev ceder a Moscou os territórios que já foram conquistados pelas tropas russas desde a invasão de fevereiro de 2022, bem como a região separatista de Donbass que se declarou independente em 2014.

Tais informações foram confirmadas à reportagem por dois ex-funcionários do governo russo com trânsito no Kremlin e por autoridades norte-americanas e internacionais. Segundo eles, Putin estaria satisfeito com as conquistas obtidas até aqui e aceitaria abrir mão do objetivo maior, que é dominar a Ucrânia na totalidade.

A desconexão entre os dois planos de Putin, o da guerra longa e o do cessar-fogo imediato, pode ser explicada pela posição de Kiev, que em momento nenhum mostrou intenção de ceder territórios à Rússia para encerrar a guerra. Ou seja, não restaria outra alternativa a Moscou, caso queira vencer a guerra, que não fosse estendê-la.

Neste momento, um cessar-fogo com perda de território parece mais distante que nunca dos planos de Kiev, que mantém sua contraofensiva para reconquistar áreas controladas e insiste no discurso de que retomará integralmente todo o espaço atualmente em poder das tropas russas.

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