O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, defendeu a formação de um pacto de defesa com a União Europeia (UE) como parte de sua estratégia para fortalecer a posição da Ucrânia em um cenário de crescentes tensões globais. A proposta foi apresentada durante uma entrevista exclusiva ao The Independent, enquanto o premiê participava de uma cúpula na Estônia.
A iniciativa surge em meio a preocupações sobre o futuro da aliança ocidental diante da possível retirada de apoio dos Estados Unidos à Ucrânia, caso Donald Trump concretize declarações feitas durante sua campanha presidencial.
“Estamos vivendo em um mundo cada vez mais volátil. É crucial que coloquemos a Ucrânia na posição mais forte possível, seja para negociações ou para continuar resistindo. Isso exige aumento de capacidade, financiamento e treinamento coordenados com nossos parceiros”, afirmou Starmer.

O pacto proposto complementaria os esforços da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e reforçaria a cooperação entre o Reino Unido e a UE, um passo importante após anos de relações tensas devido ao Brexit. Starmer também destacou a necessidade de acelerar as parcerias em defesa, apontando acordos recentes com a Alemanha e a Estônia como exemplos de progresso.
Nos últimos meses, o Reino Unido assinou uma declaração conjunta de defesa com a Estônia e um acordo com a Alemanha para reforçar investimentos em segurança. Starmer mencionou ainda a presença de tropas britânicas em treinamentos na Noruega e sua integração em missões na Estônia, como demonstração prática da cooperação já em andamento.
Escalada de tensões com a Rússia
A visita do primeiro-ministro à Estônia ocorre em um momento delicado. A Rússia ameaça retaliações após a morte do general russo Igor Kirillov em um ataque atribuído à Ucrânia. Dmitry Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, prometeu vingança pelo que classificou como “ação covarde e desprezível”.
“O conflito na Ucrânia já ultrapassa as fronteiras europeias. É essencial coordenar nossos esforços com aliados para enfrentar ameaças que vêm do Oriente Médio e de outros atores globais”, alertou Starmer.
A cúpula da Força Expedicionária Conjunta, realizada em Talin, reforçou esses compromissos com uma declaração que apoia o plano de vitória do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. Estabelecido em 2014, o grupo reúne países como Noruega, Suécia, Dinamarca e Islândia, além do Reino Unido, com foco em fortalecer a segurança no flanco oriental da Otan.
Pressão interna por ações mais rápidas
Apesar dos avanços, Starmer enfrenta pressões internas para acelerar sua agenda de cooperação com a Europa. Parlamentares trabalhistas como Calvin Bailey e David Taylor pediram maior urgência na implementação do pacto de defesa.
“Com a tirania russa à porta, ameaças crescentes do Oriente Médio e a colaboração entre nossos inimigos, é vital termos um exército forte e conectado aos aliados europeus”, afirmou Taylor.
Enquanto isso, críticos alertam para a necessidade de maior clareza sobre os planos de Starmer em relação ao orçamento de defesa. Apesar de prometer aumentar os gastos militares para 2,5% do PIB (produto interno bruto), alguns especialistas argumentam que as medidas podem ser insuficientes para consolidar a posição do Reino Unido como líder global.