A morte do general Igor Kirillov, líder das Tropas de Proteção Radiológica, Química e Biológica da Rússia, representa mais do que a perda de uma autoridade militar: ela expõe um vazio estratégico no aparato de defesa e ofensiva química do Kremlin. Kirillov a autoridade morreu em Moscou após a explosão de um artefato escondido em um patinete elétrico, em uma operação reivindicada pelo Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU). As informações são da rede BBC.
Kirillov comandava desde 2017 uma das divisões mais sensíveis do exército russo, responsável por proteger unidades contra contaminação química, mas também por empregar métodos ofensivos, como armas incendiárias e químicas. Sob sua liderança, a força foi acusada por governos ocidentais de usar armas químicas em combates na Ucrânia, incluindo substâncias como cloropicrina, um agente tóxico sufocante.

O impacto de sua morte foi imediatamente reconhecido por autoridades russas. Konstantin Kosachev, vice-presidente do Conselho da Federação Russa, afirmou que “a ausência de Kirillov será sentida profundamente. Ele era uma peça-chave na defesa nacional”.
Além de suas funções militares, Kirillov era considerado uma figura influente na comunicação estratégica do Kremlin, frequentemente aparecendo em conferências para defender as ações da Rússia e promover narrativas alinhadas ao governo.
Kirillov também era amplamente criticado fora da Rússia por seu envolvimento em desinformação. Ele alegou, por exemplo, que os Estados Unidos financiavam laboratórios de armas biológicas na Ucrânia e que Kiev estaria desenvolvendo uma “bomba suja”. Essas declarações foram refutadas por especialistas internacionais, mas utilizadas pelo Kremlin para justificar a invasão em 2022.
Ainda assim, dentro da Rússia, Kirillov era visto como indispensável. Sua morte, além de abalar a estrutura operacional das tropas químicas, também fragiliza o controle narrativo do Kremlin sobre questões militares sensíveis. “A ausência de sua liderança e expertise cria uma lacuna difícil de preencher”, disse Kosachev.
A morte de Kirillov também expõe a vulnerabilidade de altos oficiais russos mesmo dentro do território nacional, destacando a capacidade da Ucrânia de atingir alvos estratégicos em Moscou. Para analistas, isso representa uma mudança no cenário do conflito, com Kiev demonstrando força simbólica e operacional.