Reino Unido e França articulam coalizão para garantir a segurança da Ucrânia

Iniciativa europeia busca reforçar defesa ucraniana diante das incertezas sobre futuro apoio dos EUA no conflito com a Rússia

Diante da crescente preocupação de que os EUA possam diminuir ou até cortar integralmente seu apoio militar à Ucrânia sob o governo do presidente Donald Trump, o Reino Unido e a França lideram esforços urgentes para formar uma coalizão internacional capaz de assegurar a segurança ucraniana caso um acordo de paz com a Rússia seja alcançado. As informações são da rede Bloomberg.

Em Paris, ministros da Defesa das cinco principais potências militares da Europa, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Polônia, se reuniram nesta semana para discutir estratégias que garantam a proteção da Ucrânia mesmo após um eventual cessar-fogo com Moscou.

O ministro francês da Defesa, Sébastien Lecornu, destacou que a capacidade militar ucraniana é fundamental para qualquer solução duradoura. “Um amplo consenso está emergindo de que a primeira garantia de segurança para a Ucrânia é o próprio Exército ucraniano, suas capacidades, armamento e treinamento”, declarou.

Tropas britânicas na base aérea de Kandahar, em 2014 (Foto: Corporal Andrew Morris (RAF)/Defense Images)

A urgência das discussões está ligada diretamente às recentes iniciativas dos EUA para impulsionar uma trégua rápida no conflito. Líderes europeus temem que Trump imponha um acordo desfavorável à Ucrânia, levando a um enfraquecimento das condições negociadas e, por consequência, enfraquecendo a posição estratégica ucraniana frente à Rússia. Por isso, militares e líderes políticos europeus intensificaram os encontros nesta semana em Paris, discutindo como garantir proteção eficaz a Kiev sem depender exclusivamente de Washington.

Uma das propostas mais concretas é a formação de uma “força de garantia” com tropas europeias posicionadas tanto na Ucrânia como em países vizinhos. A ideia foi debatida em uma reunião paralela que incluiu aliados não pertencentes à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), como Japão, Austrália e Nova Zelândia. Cada país está sendo questionado sobre suas contribuições possíveis, desde a oferta de tropas para países vizinhos até equipamentos estratégicos, como navios, tanques, aeronaves e inteligência militar.

O ministro britânico da Defesa, John Healey, informou que as reuniões vão continuar na próxima semana, com foco em planejamento militar. Neste fim de semana, os líderes devem fazer uma reunião virtual para consolidar uma proposta definitiva. Posteriormente, o plano será apresentado ao presidente norte-americano, com o objetivo de garantir, pelo menos, suporte aéreo, inteligência e vigilância de fronteiras por parte dos EUA, evitando a necessidade de tropas do país no terreno.

Para especialistas, como Ben Barry, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, a participação americana é crucial. “Se os EUA escolherem não participar, então a força terá muito menos inteligência e muito menos proteção contra mísseis balísticos”, alertou. A expectativa é a de que Trump aceite fornecer ao menos suporte aéreo e de vigilância, evitando comprometer tropas diretamente em território europeu.

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