Rússia diz que perdeu 498 soldados desde o início do conflito na Ucrânia

Números divulgados pelo Ministério da Defesa russo falam, ainda, em 2.870 baixas entre os ucranianos, com 3,7 mil feridos

O Ministério da Defesa da Rússia divulgou nesta quarta-feira (2) o que diz ser o primeiro balanço oficial de baixas em suas fileiras desde a invasão da Ucrânia por tropas russas, ocorrida no último dia 24 de fevereiro. Em vídeo publicado no YouTube, o órgão fala em 498 soldados russos mortos e 1.597 feridos.

No mesmo vídeo, protagonizado por um militar que diz ser representante do Ministério da Defesa, a Rússia afirma que a Ucrânia perdeu ao menos 2.870 soldados, com cerca de 3,7 mil feridos. Haveria ainda 572 ucranianos capturados por foças russas.

Os dois países envolvidos no conflito agendaram para quinta (3) uma segunda rodada de negociações.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, já adiantou que as exigências para um eventual cessar-fogo se mantêm, e Moscou quer o desarmamento da Ucrânia. “Tipos específicos de armas de ataque devem ser identificados e nunca devem ser implantados ou criados na Ucrânia”, disse ele, segundo a agência Reuters.

Representante do Ministério da Defesa da Rússia (Foto: reprodução/YouTube)

Resolução da ONU

Também nesta quarta (2), a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) aprovou uma resolução deplorando a ofensiva militar da Rússia na Ucrânia. O texto recebeu 141 votos a favor, 5 contra e 35 abstenções. As nações que votaram contra foram Belarus, Eritreia, Coreia do Norte, Rússia e Síria. China e Cuba, dois aliados da Rússia, estão entre as nações que se abstiveram.

A sessão especial de emergência foi solicitada após a Rússia vetar no Conselho de Segurança uma resolução anterior condenando a ofensiva.

O texto da resolução endossou a declaração do secretário-geral António Guterres de que um ataque dessa natureza vai contra os princípios da Carta da ONU, lembrando os Estados-membros da obrigação imposta pelo Artigo 2 do documento, “de se absterem de ameaças ou uso da força contra a integridade territorial e a independência política de qualquer nação”, resolvendo suas diferenças por meios pacíficos.

A resolução condena a declaração da Rússia sobre uma “operação militar especial” na Ucrânia, feita no último 24 de fevereiro, e expressa preocupação grave com ataques a alvos civis como residências, escolas e hospitais, que ferem e matam inclusive mulheres, crianças, pessoas com deficiências e idosos.

No mais, o documento condena a decisão russa de aumentar suas forças nucleares e expressa grave preocupação com a deterioração da situação humanitária ao redor da Ucrânia, com o aumento do número de deslocados internos e o aumento da insegurança alimentar no mundo, uma vez que a Ucrânia é um dos maiores exportadores de grãos e produtos agrícolas do planeta.

Por que isso importa?

A escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, que culminou com a efetiva invasão russa ao país vizinho no dia 24 de fevereiro, remete à anexação da Crimeia pelos russos, em 2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo ano e se estende até hoje.

O conflito armado no leste da Ucrânia opõe o governo central às forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que formam a região de Donbass e foram oficialmente reconhecidas como territórios independentes por Moscou. Foi o suporte aos separatistas que Putin usou como argumento para justificar a invasão, classificada por ele como uma “operação militar especial”.

“Tomei a decisão de uma operação militar especial”, disse Putin pouco depois das 6h de Moscou (0h de Brasília) de 24 de fevereiro, de acordo com o site independente The Moscow Times. Cerca de 30 minutos depois, as primeira explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, e logo em seguida em Mariupol, no leste do país, segundo a agência AFP.

Desde o início da ofensiva, as forças da Rússia caminham para tentar dominar Kiev, que tem sido alvo de constantes bombardeios. O governo da Ucrânia e as nações ocidentais acusam Moscou de atacar inclusive alvos civis, como hospitais e escolas, o que pode ser caracterizado como crime de guerra ou contra a humanidade.

Fora do campo de batalha, o cenário é desfavorável à Rússia, que tem sido alvo de todo tipo de sanções. Além das esperadas punições financeiras impostas pelas principais potencias globais, que já começaram a sufocar a economia russa, o país tem se tornado um pária global. Representantes russos têm sido proibidos de participar de grandes eventos em setores como esporte, cinema e música.

De acordo com o presidente dos EUA, Joe Biden, as punições tendem a aumentar o isolamento da Rússia no mundo. “Ele não tem ideia do que está por vir”, disse o líder norte-americano, referindo-se ao presidente russo Vladimir Putin. “Putin está agora mais isolado do mundo do que jamais esteve”.

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