Uefa decide que a Rússia não mais sediará o jogo decisivo da Liga dos Campeões deste ano

Maior torneio de clubes de futebol do mundo teria sua final em São Petesburgo. Mudança ocorre invasão russa da Ucrânia

A Uefa (União das Associações Europeias de Futebol, da sigla em inglês), órgão que regulamenta o futebol no continente europeu, decidiu que São Petesburgo, na Rússia, não mais sediará o jogo decisivo da Liga dos Campeões da Europa, o principal torneio de clubes do planeta.

A Uefa fez o anúncio oficial da decisão nesta sexta-feira (25) pela manhã, após uma reunião de seu Comitê Executivo para debater a crise geopolítica na Europa. O jogo será disputado no Stade de France, em Saint-Denis, perto de Paris, na França.

A decisão de tirar a partida de São Petesburgo é um desdobramento direto da invasão da Ucrânia pela Rússia, ocorrida na quinta (24). A data da partida, dia 28 de maio, foi mantida pelos organizadores.

“A Uefa deseja expressar seu agradecimento e apreço ao Presidente da República Francesa, Emmanuel Macron, pelo seu apoio pessoal e empenho em transferir o jogo de futebol europeu de maior prestígio para a França num momento de crise sem precedentes”, disse a entidade em comunicado.

Uefa decide que a Rússia não mais sediará o jogo decisivo da Liga dos Campeões deste ano
Real Madrid, campeão da Champions League em 2018, em Kiev, Ucrânia (Foto: Wikimedia Commons)

Além de anunciar a mudança do jogo, a Uefa também falou sobre a situação dos jogadores de futebol estrangeiros que atuam na Ucrânia e agora encontram-se presos no país em meio aos bombardeios russos.

“Juntamente com o governo francês, a Uefa apoiará totalmente os esforços de várias partes interessadas para garantir o resgate de jogadores de futebol e suas famílias na Ucrânia que enfrentam terríveis sofrimentos humanos, destruição e deslocamento”, afirmou o texto..

Ao menos em um primeiro momento, não haverá qualquer tipo de punição aos clubes russos por conta do protagonismo do país no conflito em andamento. Porém, tanto as equipes russas quanto ucranianas que venham a disputar partidas por torneios europeus terão que mandar seus jogos em outros países, por questão de segurança.

Novas decisões, porém, ainda podem ser tomadas no tocante a essa questão. “O Comité Executivo da Uefa decidiu ainda permanecer de prontidão para convocar novas reuniões extraordinárias, sempre que necessário, para reavaliar a situação legal e factual à medida que evolui e adotar novas decisões conforme necessário”.

Por que isso importa?

A escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, que culminou com a efetiva invasão russa ao país vizinho na quinta-feira (24), remete à anexação da Crimeia pelos russos, em 2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo ano e se estende até hoje.

O conflito armado no leste da Ucrânia opõe o governo central às forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que formam a região de Donbass e foram oficialmente reconhecidas como territórios independentes por Moscou. Foi o suporte aos separatistas que Putin usou como argumento para justificar a invasão, classificada por ele como uma “operação militar especial”.

“Tomei a decisão de uma operação militar especial”, disse Putin pouco depois das 6h de Moscou (0h de Brasília) de quinta (24), de acordo com o site independente The Moscow Times. Cerca de 30 minutos depois, as primeira explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, e logo em seguida em Mariupol, no leste do país, segundo a agência AFP.

Para André Luís Woloszyn, analista de assuntos estratégicos, os primeiros movimentos no campo de batalha sugerem um conflito curto. “Não há interesse em manter uma guerra prolongada”, disse o especialista, baseando seu argumento na estratégia adotada por Moscou. “Creio que a Rússia optou por uma espécie de blitzkrieg, com ataques direcionados às estruturas militares“, afirmou, referindo-se à tática de guerra relâmpago dos alemães na Segunda Guerra Mundial.

O que também tende a contribuir para um conflito de duração reduzida é a decisão da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) de não interferir militarmente. “Não creio em envolvimento de outras potências no conflito, o que poderia desencadear uma guerra mais ampla e com consequências imprevisíveis”, disse Woloszyn, que é diplomado pela Escola Superior de Guerra.

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