Mísseis russos atingiram a cidade ucraniana de Odessa na quarta-feira (6) no exato momento em que o presidente Volodymyr Zelensky se preparava para receber o primeiro-ministro da Grécia, Kyriakos Mitsotakis. O incidente levou Adam Kinzinger, ex-membro da Câmara dos Representantes dos EUA, a afirmar que Moscou esteve muito perto de inserir a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) na guerra.
“A Rússia acabou de chegar a 150 metros de um artigo 5º, com a notícia do ataque em Odessa quase atingindo o primeiro-ministro grego”, disse o político republicano em sua conta pessoal na rede social X, antigo Twitter.
Russia just got within 150 meters of an article 5, with news of the strike in Odessa almost hitting the Greek Prime Minister.
— Adam Kinzinger (Slava Ukraini) 🇺🇸🇺🇦🇮🇱 (@AdamKinzinger) March 6, 2024
No caso, Kinzinger se referiu ao artigo do estatuto da Otan segundo o qual, se um país-membro, como a Grécia, for vítima de um ataque armado externo, todos os outros integrantes devem considerá-lo uma agressão à aliança e assim adotar as medidas militares cabíveis. Esse seria o caso se um míssil russo viesse a atingir Mitsotakis.
De acordo com a revista Newsweek, o premiê confirmou a proximidade do bombardeio russo. “Ouvimos o som de sirenes e explosões que ocorreram perto de nós. Não tivemos tempo de chegar a um abrigo”, disse o líder grego.
Já o jornal Proto Thema afirma que o ataque ocorreu quando a comitiva grega se dirigia ao porto de Odessa para o encontro com Zelensky, reunião que vinha sendo mantida em sigilo justamente por questões de segurança. Diz ainda que o ataque pareceu direcionado ao líder ucraniano, que “estava a 150 metros da delegação grega liderada pelo primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis.”
Fontes oficias do governo grego também confirmaram o susto, mas disseram que ninguém na delegação se feriu. “Estamos todos bem”, disse o ministro de Estado Stavros Papastavrou, que estava em Odessa.
Por sua vez, o jornal Kyiv Post relata que as informações são divergentes quanto à proximidade do ataque. “O míssil caiu entre 150 metros e 500 metros de distância, dependendo da fonte”, diz o periódico. A rede CNN foi um dos veículos a afirmar que o ataque ocorreu a cerca de 500 metros das delegações.
Dmytro Pletenchuk,, porta-voz da Marinha ucraniana, confirmou que nenhum dos integrantes das duas delegações se feriu, mas disse que cinco outras pessoas morreram no ataque.
Zelensky também se manifestou. “Vimos este ataque hoje. Você pode ver com quem estamos lidando, eles não se importam onde atacam. Sei que houve vítimas hoje, ainda não conheço todos os detalhes, mas sei que há mortos e feridos”, declarou ele, segundo a CNN.
Do lado russo, o argumento é o de que as Forças Armadas do país “lançaram um ataque com mísseis de alta precisão contra um hangar no distrito portuário industrial da cidade de Odessa, que foi usado pelas Forças Armadas da Ucrânia para preparar barcos não tripulados para o combate. O objetivo do ataque foi alcançado. A instalação foi atingida”, segundo relatou a agência estatal Tass.
União Europeia reage
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, usou o X para comentar o ocorrido. “Condeno veementemente o ataque vil a Odessa por parte da Rússia durante a visita de Zelensky e Mitsotakis. Ninguém se sente intimidado por esta nova tentativa de terrorismo – certamente nem os dois líderes no terreno, nem o corajoso povo da Ucrânia. Mais do que nunca, apoiamos a Ucrânia”, disse ela.
I strongly condemn the vile attack on Odesa by Russia during @ZelenskyyUa and @kmitsotakis's visit.
— Ursula von der Leyen (@vonderleyen) March 6, 2024
No one is intimidated by this new attempt at terror – certainly not the two leaders on the ground nor the brave people of Ukraine.
More than ever, we stand by Ukraine.
Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, usou a mesma rede social para se manifestar. “O ataque a Odessa durante a visita do presidente Zelensky e do PM Mitsotakis é outro sinal das táticas covardes da Rússia na sua guerra de agressão contra a Ucrânia. Isto é repreensível e está abaixo até mesmo do manual do Kremlin. O total apoio da UE à Ucrânia e ao seu corajoso povo não irá vacilar.”