‘Sabotagem está aumentando’, diz chefe de Relações Exteriores da União Europeia

Kaja Kallas manteve um tom otimista em entrevista com veículo alemão, mesmo diante dos tempos turbulentos na Europa e das ambições de Trump sobre a Groenlândia

Kaja Kallas, ex-primeira-ministra da Estônia, agora chefia as Relações Exteriores da União Europeia (UE), representando 450 milhões de pessoas em 27 países. Sua transição do governo nacional para a diplomacia internacional destaca um foco contínuo e persistente na Rússia, especialmente em meio a uma série de eventos que ela descreve como “sabotagem crescente” na Europa. As informações são da Deutsche Welle (DW).

Em entrevista à DW, Kallas alertou para a necessidade de ver esses incidentes, como o recente ataque a cabos submarinos na zona econômica sueca do Báltico, não como atos isolados, mas como parte de um plano maior da Rússia contra a segurança europeia. “A Rússia tem intenções que não mudaram”, disse ela, enfatizando a necessidade de uma resposta unificada da UE.

Nascida durante a ocupação soviética da Estônia, Kallas traz para seu novo papel uma visão crítica de Moscou, destacando-se como uma defensora incansável da Ucrânia e uma figura central na política externa da UE. Sua abordagem centrista não diminui sua firmeza contra a agressão russa.

Kaja Kallas, primeira-ministra da Estônia, no Parlamento Europeu, em março de 2022 (Foto: Flickr)
Relações EUA-UE sob Trump

Com o presidente ultranacionalista dos EUA, Donald Trump, no poder, Kallas enfrenta o desafio de manter uma aliança forte entre a UE e os EUA. Apesar das críticas de Trump sobre gastos com defesa e comércio, e seu plano de assumir o controle da Groenlândia, Kallas insiste que “ainda somos amigos. Ainda somos aliados.” Ela mencionou uma conversa positiva com o secretário de Estado Marco Rubio, indicando um desejo de cooperação contínua.

Sobre a questão da Groenlândia, Kallas reafirma a importância do respeito à integridade territorial, confiando que os EUA aderirão aos acordos internacionais. No entanto, ela deixou claro que nenhuma discussão sobre estacionamento de tropas europeias na ilha que é território dinamarquês autônomo ocorreu.

Ucrânia e estratégia de paz

Quando se trata da Ucrânia, Kallas e a administração Trump parecem alinhados na visão de que a pressão deve ser exercida sobre a Rússia para encerrar o conflito. No entanto, as abordagens para alcançar a paz ainda são nebulosas.

Trump já sugeriu uma resolução rápida, mas as preocupações persistem sobre o que isso significaria para Kiev e para a estabilidade europeia. Kallas reconhece a complexidade, mas mantém um tom otimista sobre a possibilidade de uma paz sustentável.

Oportunidade para a UE?

A imprevisibilidade de Trump e a volatilidade global podem oferecer uma chance para a UE fortalecer sua posição geopolítica.

“Este é um momento desafiador, mas também uma oportunidade para a União Europeia”, argumentou Kallas, destacando a previsibilidade e estabilidade da UE como atributos valiosos no cenário internacional.

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