Kaja Kallas, ex-primeira-ministra da Estônia, agora chefia as Relações Exteriores da União Europeia (UE), representando 450 milhões de pessoas em 27 países. Sua transição do governo nacional para a diplomacia internacional destaca um foco contínuo e persistente na Rússia, especialmente em meio a uma série de eventos que ela descreve como “sabotagem crescente” na Europa. As informações são da Deutsche Welle (DW).
Em entrevista à DW, Kallas alertou para a necessidade de ver esses incidentes, como o recente ataque a cabos submarinos na zona econômica sueca do Báltico, não como atos isolados, mas como parte de um plano maior da Rússia contra a segurança europeia. “A Rússia tem intenções que não mudaram”, disse ela, enfatizando a necessidade de uma resposta unificada da UE.
Nascida durante a ocupação soviética da Estônia, Kallas traz para seu novo papel uma visão crítica de Moscou, destacando-se como uma defensora incansável da Ucrânia e uma figura central na política externa da UE. Sua abordagem centrista não diminui sua firmeza contra a agressão russa.

Relações EUA-UE sob Trump
Com o presidente ultranacionalista dos EUA, Donald Trump, no poder, Kallas enfrenta o desafio de manter uma aliança forte entre a UE e os EUA. Apesar das críticas de Trump sobre gastos com defesa e comércio, e seu plano de assumir o controle da Groenlândia, Kallas insiste que “ainda somos amigos. Ainda somos aliados.” Ela mencionou uma conversa positiva com o secretário de Estado Marco Rubio, indicando um desejo de cooperação contínua.
Sobre a questão da Groenlândia, Kallas reafirma a importância do respeito à integridade territorial, confiando que os EUA aderirão aos acordos internacionais. No entanto, ela deixou claro que nenhuma discussão sobre estacionamento de tropas europeias na ilha que é território dinamarquês autônomo ocorreu.
Ucrânia e estratégia de paz
Quando se trata da Ucrânia, Kallas e a administração Trump parecem alinhados na visão de que a pressão deve ser exercida sobre a Rússia para encerrar o conflito. No entanto, as abordagens para alcançar a paz ainda são nebulosas.
Trump já sugeriu uma resolução rápida, mas as preocupações persistem sobre o que isso significaria para Kiev e para a estabilidade europeia. Kallas reconhece a complexidade, mas mantém um tom otimista sobre a possibilidade de uma paz sustentável.
Oportunidade para a UE?
A imprevisibilidade de Trump e a volatilidade global podem oferecer uma chance para a UE fortalecer sua posição geopolítica.
“Este é um momento desafiador, mas também uma oportunidade para a União Europeia”, argumentou Kallas, destacando a previsibilidade e estabilidade da UE como atributos valiosos no cenário internacional.