Secretário britânico vê ‘eixo autoritário’ mais forte: ‘É hora de o mundo acordar’

Grant Shapps destaca aliança cada mais sólida entre China, Rússia, Irã e Coreia do Norte e cobra resposta mais firme de seus aliados

O “eixo autoritário” encabeçado por Rússia, China, Irã e Coreia do Norte mostra uma união cada vez mais sólida, tem sido determinante para sustentar os esforços de guerra russos na Ucrânia e representa uma ameaça cada vez maior à segurança ocidental. Esta é a avaliação do secretário de Defesa do Reino Unido Grant Shapps, que falou em uma conferência de imprensa em Londres nesta quarta-feira (22).

“Um eixo de Estados autoritários liderados por Rússia, China, Irã e Coreia do Norte aumentou e alimentou conflitos e tensões. Eles têm trabalhado cada vez mais juntos”, afirmou a autoridade em seu discurso, que foi reproduzido pelo site do governo britânico.

Grant Shapps, secretário de Defesa britânico (Foto: Number 10/Flickr)

Ao comentar especificamente a questão chinesa, o secretário denunciou formalmente o país asiático por apoiar militarmente a Rússia na guerra, algo que até então o Reino Unido havia se eximido de fazer.

“Hoje posso revelar que temos provas de que a Rússia e a China estão colaborando na produção de equipamento de combate para utilização na Ucrânia”, disse ele. “Como vimos na visita de Estado de Putin a Beijing e no crescimento de 64% no comércio entre a Rússia e a China desde a invasão em grande escala, eles estão protegendo uns aos outros.”

Na avaliação de Shapps, a aliança no conflito está inserida em uma parceria mais ampla entre as duas superpotências inimigas, que inclui ainda ameaças contra dissidentes e jornalistas, ataques de hackers e outras operações conduzidas pelos serviços de inteligência não apenas chineses e russos, mas também iranianos e norte-coreanos.

“Tudo isto coloca a Grã-Bretanha na linha de frente das atividades malignas”, afirmou. “Em resposta a esta hostilidade contínua e ao nosso mundo mais perigoso, o Reino Unido tem estado na linha de frente, apoiado pelas nossas ações e pelos nossos recursos.”

Para enfrentar o “eixo autoritário”, ele destacou o investimento militar do país, que compromete 2,5% de seu PIB (produto interno bruto) com defesa. Cumpre, assim, a meta que segundo o Reino Unido deveria ser respeitada por todos os membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

Nesse sentido, exaltou as recentes decisões da Polônia, país que dentro da Otan investe a maior fatia de seu PIB em defesa, e da Alemanha, que “reverteu décadas de política de defesa hesitante para construir as suas próprias forças.”

Shapss fez um adendo, dizendo que nem todos parecem notar o perigo. Nas palavras dele, “muitas nações continuam sentadas em cima do muro”, inclusive entregando dinheiro a Moscou através da compra de energia. Por isso a aliança ocidental precisa se fortalecer ainda mais, na avaliação dele.

“Putin e seus aliados autocráticos em Beijing, Pyongyang e Teerã foram encorajados por 25 anos de timidez ocidental relativamente à sua repressão interna e à agressão no exterior”, declarou o secretário. “É hora de o mundo acordar.”

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