A captura de dois soldados norte-coreanos pela Ucrânia trouxe à tona o papel relevante desses combatentes no apoio às forças russas na região de Kursk. De acordo com informações do Politico, os prisioneiros foram transferidos para Kiev, onde estão sendo interrogados com o apoio da inteligência sul-coreana. Embora inicialmente subestimados, os norte-coreanos têm demonstrado capacidades que complicam as operações ucranianas.
“Eles têm se explodido quando percebem que serão capturados”, afirmou o tenente-coronel Yaroslav Chepurnyi, porta-voz do exército ucraniano, em referência às táticas extremas adotadas pelos combatentes. Esses comportamentos, aliados à disciplina e ao preparo físico, desafiam as expectativas iniciais de que seriam apenas recrutas inexperientes enviados para morrer no campo de batalhas.

Desde outubro, quando cerca de 12 mil soldados norte-coreanos se juntaram às forças russas, as batalhas na região de Kursk têm se intensificado. Estima-se que 300 norte-coreanos foram mortos e 2,7 mil ficaram feridos nesse período, conforme dados divulgados pelo governo sul-coreano. No entanto, Moscou e Pyongyang não confirmaram oficialmente essas informações.
Relatos de soldados ucranianos no campo de batalha destacam o preparo e a motivação dos combatentes norte-coreanos. “Eles são jovens, motivados, fisicamente aptos, corajosos e habilidosos no uso de armas leves. São disciplinados, tudo o que se espera de uma boa infantaria”, explicou Chepurnyi.
Além das táticas extremas, como a autodestruição para evitar a captura, os norte-coreanos têm demonstrado habilidade em abater drones e realizar emboscadas coordenadas. Yuriy Bondar, membro de uma brigada ucraniana, relatou a eficiência inimiga em ataques coordenados e a capacidade de manter a moral em situações adversas.
Apesar disso, especialistas apontam que a presença dos norte-coreanos, embora relevante, não tem sido decisiva no conflito. O cenário em Kursk permanece marcado por combates intensos, com perdas significativas em ambos os lados e avanços limitados para as forças russas.
“Como um comandante disse, comparados aos soldados da Coreia do Norte, os mercenários do Wagner Group em 2022 parecem crianças. E eu acredito nele”, comentou Bondar, reforçando a ideia de que subestimar o inimigo pode ser um erro estratégico.
Troca de prisioneiros
Segundo o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, os soldados capturados expressaram intenções diferentes: um deles quer permanecer na Ucrânia, enquanto o outro busca retornar à Coreia do Norte.
Zelensky indicou a possibilidade de usar os prisioneiros em uma troca de reféns. “Se Kim Jong-un se lembrar desses cidadãos e for capaz de organizar uma troca por nossos guerreiros detidos na Rússia, estamos prontos para transferi-los”, declarou.