A Suécia planeja aumentar seus gastos com defesa para 3,5% do PIB (produto interno bruto) até 2030, marcando o maior reforço militar do país desde a Guerra Fria. O anúncio foi feito na quarta-feira (26) pelo primeiro-ministro Ulf Kristersson, que destacou a guerra da Ucrânia e as dúvidas sobre o comprometimento dos EUA com a segurança europeia como principais motivos para a decisão. As informações são do jornal Financial Times.
Segundo Kristersson, o aumento, que parte do atual nível de 2,4% do PIB, será financiado principalmente por meio de empréstimos que devem totalizar cerca de 300 bilhões de coroas suecas (R$ 171 bilhões) até 2035. A medida foi acordada com os quatro partidos que apoiam o governo de coalizão.

“Este é o maior rearmamento da defesa sueca desde os tempos da Guerra Fria”, afirmou Kristersson, segundo quem a atual proporção de investimento militar do país “não é suficiente” para atender às novas demandas de segurança que se impõem na Europa.
O primeiro-ministro também indicou que a Suécia está pressionando por um novo e mais alto padrão de investimento militar da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que poderia variar entre 3% e 4% do PIB dos países-membros. Muitos diplomatas acreditam que a cúpula da aliança, prevista para ocorrer este ano em Haia, deve elevar a meta da aliança dos atuais 2% para aproximadamente 3,5%.
A decisão reflete uma mudança radical na política sueca, que, após mais de 200 anos sem se envolver em conflitos, abandonou sua neutralidade após a invasão russa da Ucrânia em 2022. A Suécia se tornou o 32º membro da Otan no ano passado e já aumentou substancialmente seus investimentos em defesa, além de remilitarizar a estratégica ilha de Gotland, no Mar Báltico.
O governo sueco também intensificou sua participação em operações da Otan, enviando tropas para a Letônia e disponibilizando caças Gripen para a Polônia. Kristersson enfatizou que a Suécia precisará desempenhar um papel relevante como zona de apoio logístico para as linhas de frente em eventuais conflitos na região nórdica e báltica.
Defesa é prioridade
Desde que ingressou na Otan, a Suécia tem se mostrado preocupada em fortalecer suas Forças Armadas e seus sistemas de defesa. No início deste ano, o governo alertou seus cidadãos de que eles deveriam estar preparados para uma eventual guerra, conforme crescem as desavenças entre a Rússia e os integrantes Otan.
Depois, em abril, Estocolmo anunciou uma ação prática ao projetar um investimento milionário em abrigos antiaéreos e outras medidas semelhantes. A promessa era a de investir 385 milhões de coroas suecas (R$ 207,5 milhões) para melhorar seus serviços de emergência e defesa civil e modernizar abrigos antiaéreos existentes.
O projeto prevê ainda uma melhora dos sistemas de combate a ameaças cibernéticas e de abastecimento de água potável e um aumento dos estoques de medicamentos. O transporte público do país também foi incluído naquele pacote.