Suécia recomenda a seus cidadãos que se preparem para uma possível guerra

Adesão do país à Otan deve acontecer em 2024, colocando mais pressão sobre a Rússia e aumentando o risco de um ataque

Após quase dois anos desde o início do conflito entre Moscou e Kiev e em meio à guerra entre Israel e Hamas em Gaza, os cidadãos suecos têm sido alertados pelas autoridades de que as hostilidades podem cedo ou tarde chegar ao país

A Suécia admitiu nos últimos dias que a ameaça de um conflito é real, por isso pediu à população que fique de prontidão. O alerta partiu do comandante das Forças Armadas e do ministro da Defesa Civil no domingo (7), no contexto da realização da Conferência Nacional Anual sobre Defesa em Salen, no sudoeste do país, segundo informou a rede Euractiv.

Com a iminente adesão da Suécia à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em 2024, o que deve ocorrer ainda em meio à guerra na Ucrânia, o titular da pasta de Defesa Civil, Carl-Oskar Bohlin, instou os cidadãos a se prepararem para a possibilidade de conflito armado.

Oficiais do Centro de Inteligência e Segurança das Forças Armadas Suecas (Foto: WikiCommons)

O ministro expressou preocupação com a lentidão na modernização do sistema de defesa civil e enfatizou a necessidade de ação imediata por parte de líderes locais e cidadãos. Segundo ele, a paz, “que tem sido uma constante por quase 210 anos, não é garantida” atualmente.

Bohlin esclareceu que suas declarações não tinham a intenção de criar medo, mas sim de promover a “consciência situacional”, conforme repercutiu a revista Newsweek.

Ele ressaltou como os ucranianos, em determinado momento, acreditaram que os conflitos com a Rússia eram coisa do passado. No entanto, em 2014, o presidente Vladimir Putin anexou ilegalmente a Crimeia, e oito anos depois uma invasão em grande escala surpreendeu o país, demonstrando a imprevisibilidade dos acontecimentos e a importância da consciência frente às mudanças geopolíticas.

O alerta está diretamente atrelado à adesão sueca à aliança militar transatlântica, evento que ampliará significativamente a influência regional da Otan, proporcionando controle quase absoluto sobre o Mar Báltico. Assim, o poder militar aéreo proveniente de Estocolmo representaria um desafio considerável para as forças marítimas russas e aumentaria o risco de um ataque.

Necessidade de ação

Em entrevista à TV sueca, o chefe do Exército sueco, Micael Bydén, concordou com as declarações de Bohlin, destacando a importância da preparação mental diante da séria situação internacional. O comandante enfatizou a necessidade de agir, mencionando investimentos recentes na segurança da Suécia, que “fortaleceu consideravelmente sua capacidade de defesa.”

Ele também expressou o desejo de que a Suécia se torne membro pleno da Otan o mais rápido possível, mas ressaltou que a esperança não é suficiente e a ação é necessária. “Agora é passar das palavras e do entendimento para a ação”, sintetizou.

“Observe as notícias da Ucrânia e faça a si mesmo as perguntas simples: se isso acontecer aqui, estou preparado? O que devo fazer? Quanto mais pessoas pensarem, considerarem e se prepararem, mais forte será nossa sociedade”, disse Bydén.

Alerta não vem de agora

As novas declarações da Suécia sobre a guerra não surpreendem. Recentemente, o ministro de Relações Exteriores, Tobias Billström, alertou que a Rússia continuará representando uma ameaça significativa à segurança da Suécia e da Europa, repercutiu a RBC Ukraine. Ele enfatizou a necessidade de se preparar para um confronto de longo prazo enquanto Moscou violar acordos internacionais.

Além disso, destacou o compromisso contínuo de Estocolmo em apoiar militar e politicamente a Ucrânia, elogiando a decisão da União Europeia (UE) de aceitar Kiev como membro e reconhecendo o papel dos soldados ucranianos na defesa dos valores compartilhados.

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