Na segunda-feira (5), o presidente turco Tayyip Erdogan criticou fortemente as empresas de mídia social, afirmando que elas estavam tentando “silenciar as vozes do povo palestino” e chamando a situação de “fascismo digital”. A declaração ocorreu depois que órgão regulador de telecomunicações da Turquia, também conhecida como BTK, decidiu bloquear na sexta-feira (2) o acesso ao Instagram no país. As informações são da agência Associated Press.
Após três dias de bloqueio, o governo turco anunciou no começo desta semana que se encontrará com representantes da popular plataforma de mídia social para abordar a censura de postagens sobre o assassinato de Ismail Haniyeh, líder do Hamas, no Irã na semana passada. O Instagram tem mais de 57 milhões de usuários no país, de acordo com a We Are Social Media.
“Estamos enfrentando um fascismo digital que não tolera nem mesmo as fotografias dos mártires palestinos e as proíbe imediatamente”, disse Erdogan durante um evento de direitos humanos, citando a morte do grupo militante palestino.
Muitas pessoas estão relatando no X, antigo Twitter, que não conseguem atualizar o feed do Instagram. O BTK informou em seu site que a plataforma foi bloqueada por “uma decisão tomada em 02/08/2024”, mas não deu mais detalhes sobre o motivo.
A mídia turca sugere que o bloqueio pode ser uma retaliação pelo desaparecimento de mensagens de condolências sobre a morte de Haniyeh, em um ataque atribuído a Israel. A BTK negou que o bloqueio tenha relação com a morte do líder palestino, afirmando que o motivo é outro, conforme um responsável disse ao site Medyascope sob condição de anonimato.
A decisão pelo bloqueio foi questionada pelo Tribunal Constitucional turco, que determinou que o BTK havia excedido parcialmente suas atribuições.
O BTK, criada pelo presidente turco em julho de 2018, tem amplos poderes para bloquear plataformas e redes sociais na Turquia, com um orçamento maior do que muitos ministérios. Críticos a consideram um meio de propaganda para Erdogan e seu partido, o AKP.
A Turquia não considera o Hamas uma organização terrorista, ao contrário de seus aliados ocidentais. Erdogan, crítico das ações militares de Israel em Gaza, vê o grupo como um movimento de libertação e afirmou que sites de mídia social permitem propaganda de grupos considerados terroristas na Turquia.
A Associação de Operadores de Comércio Eletrônico, uma organização na Turquia que representa empresas e profissionais envolvidos no setor, calcula que o Instagram e outras plataformas de mídia social geram cerca de 930 milhões de liras turcas (US$ 27 milhões) em comércio eletrônico diariamente.
Em abril, a Meta suspendeu a rede social Threads na Turquia após uma decisão que proibiu o compartilhamento de dados com o Instagram.