Na quinta-feira (8), um apresentador de TV estatal russa e seus convidados ficaram surpresos com os ataques transfronteiriços de Kiev na região de Kursk, oeste da Rússia e perto da fronteira com a Ucrânia, e com a rapidez dos avanços militares na região. A incursão inesperada das forças ucranianas no começo desta semana resultou na morte de civis, pessoas feridas, casas destruídas e evacuação. As informações são da Newsweek.
Sergey Mardan, um conhecido propagandista, descreveu o ataque de três dias em Kursk como um “caos” durante a exibição do Solovyov Live, um programa de televisão na Rússia apresentado por Vladimir Solovyov, um conhecido apresentador e comentarista frequentemente associado a uma visão pró-Kremlin.
O governador da região russa de Lipetsk relatou um ataque “massivo” de drones ucranianos, indicando que a ofensiva da Ucrânia contra a Rússia continua sem sinais de desaceleração. O ataque em Lipetsk ocorreu após a Rússia acusar as tropas ucranianas de atravessarem a fronteira para Kursk, marcando a primeira incursão desse tipo em mais de dois anos de guerra e aumentando a pressão sobre Moscou. Nesta sexta-feira de manhã, o Kremlin declarou estado de emergência em Kursk e convocou reservistas para a área.
Na quinta-feira, o veículo investigativo russo Agentstvo relatou que a Ucrânia havia conquistado pelo menos 430 mil quilômetros quadrados de território russo, o que é aproximadamente do tamanho da cidade de Curitiba, no Paraná. A reportagem não conseguiu confirmar essa informação de forma independente.
Mardan criticou a falta de informações claras do Kremlin, dizendo que, de acordo com os poucos relatos disponíveis, a situação parece ser um “caos”, uma palavra que os militares costumam evitar. Ele falou sobre a presença de tanques, veículos blindados de transporte de pessoal e “um número colossal de drones”.
Mardan acrescentou que as forças de Kiev estariam perto de tomar total controle da cidade de Sudzha, onde se encontra uma instalação de medição de gás essencial para o transporte de gás russo para a Europa.
“Ainda não há informações militares, basicamente nenhuma. Não sei se é bom ou ruim. Acho que isso não é tão bom”, disse o apresentador.
Também presente no programa televisivo, Mikhail Khodaryonok, especialista militar, relatou a Mardan que a Ucrânia fez um “avanço significativo” em Kursk e que os russos provavelmente começarão a cobrar respostas do Kremlin. Ele observou que, “de repente”, a Ucrânia “demonstrou habilidade” para atacar e realizar operações bem-sucedidas.
Na quarta-feira, Putin chamou os ataques transfronteiriços da Ucrânia de “provocação em larga escala” e disse que o regime de Kiev disparou mísseis indiscriminadamente contra civis e ambulâncias em Kursk.
Enquanto isso, o Ministério da Defesa da Rússia minimizou a extensão dos avanços ucranianos na região, proclamando “vitória” pelo menos seis vezes durante a incursão, conforme relatado pelo Agentstvo.
Aliado de Putin promete “destruir” a Ucrânia
Um aliado próximo de Vladimir Putin prometeu uma resposta “sem piedade” e mais avanços no território ucraniano após o ataque em Kursk na terça-feira. Dmitry Medvedev, ex-presidente e ex-primeiro-ministro da Rússia, agora vice-presidente do Conselho de Segurança, fez essa declaração em uma longa postagem no Telegram na manhã de quinta-feira, repercutiu a Newsweek.
Medvedev disse que é crucial aprender com o ocorrido e seguir a promessa feita por Gerasimov de derrotar e destruir o inimigo sem piedade. Gerasimov garantiu ao presidente russo que as forças ucranianas seriam “rapidamente derrotadas” na fronteira sudoeste.