Um ataque sem precedentes com drones ucranianos atingiu Moscou nesta terça-feira (11), resultando nas mortes de duas pessoas e no fechamento temporário dos quatro principais aeroportos da cidade. Trata-se da maior operação de Kiev contra a capital russa desde o início da guerra, em fevereiro de 2022.
De acordo com a agência Reuters, durante a madrugada, as defesas aéreas russas interceptaram 337 drones inimigos em todo o país, com 91 deles sobre a região de Moscou. O prefeito Sergei Sobyanin destacou a gravidade do ataque em uma cidade que abriga mais de 21 milhões de pessoas, com relatos de ao menos 18 pessoas feridas, incluindo três crianças.
“O maior ataque de drones inimigos em Moscou foi repelido”, escreveu Sobyanin no Telegram, conforme relatou o jornal The Moscow Times. “Setenta e quatro drones de combate foram abatidos a caminho de Moscou, com centenas de outros interceptados em vários pontos.”
O governador da região, Andrei Vorobyov, compartilhou imagens de apartamentos danificados, evidenciando o impacto direto sobre a população civil, mas disse que o ataque não causou pânico entre os cidadãos, que, segundo ele, continuaram suas rotinas normais.
O coronel-general Andrei Kartapolov, da comissão de defesa do parlamento, sugeriu uma represália usando o míssil hipersônico “Oreshnik”, mas ressaltou que a decisão final cabe ao presidente Vladimir Putin. “Acho que seria útil, e não apenas uma vez”, declarou ele sobre a possível retaliação.

Negociações de paz
O ataque foi realizado conforme autoridades dos EUA e uma delegação ucraniana se preparavam para um encontro na Arábia Saudita em busca de soluções para encerrar a guerra que já dura mais três anos.
Recentemente, os presidentes ucraniano, Volodymyr Zelensky, e norte-americano, Donald Trump, tiveram um encontro tenso em Washington, que distanciou os antigos aliados e levou a uma promessa dos EUA de que o apoio a Kiev seria suspenso, sob o argumento de que o governo ucraniano impõe obstáculos demais a um acordo de paz.
A posição de Trump, porém, parece gerar um aumento das hostilidades, com os dois lados intensificando suas operações em busca de ganhos territoriais que venham a ampliar seu poder de barganha em uma eventual negociação de cessar-fogo.
Do seu lado, Moscou intensificou as campanhas para reconquistar território ocupado na região de Kursk, enquanto Kiev ampliou as operações com drones sobretudo no interior da Rússia, embora agora tenha alcançado também a capital do país.
Ataque contra Putin em Moscou
Embora o ataque desta terça tenha sido o maior relatado pela Rússia contra Moscou, não foi o primeiro. Em maio de 2023, uma operação bem menor, com apenas dois drones, foi realizada pela Ucrânia e sob alegações não confirmadas de que o objetivo era assassinar Putin.
“O regime de Kiev realizou uma tentativa de desferir um ataque com veículos aéreos não tripulados à residência do presidente russo no Kremlin. Dois veículos aéreos não tripulados atacaram o Kremlin”, disse na ocasião o serviço de imprensa oficial da presidência, conforme relatou a agência estatal Tass.
Ainda de acordo com o governo russo, os drones teriam sido desativados por sistemas eletrônicos das Forças Armadas. “Sua queda e os fragmentos espalhados pelo território do Kremlin não causaram vítimas ou danos materiais”, afirmou o Kremlin no comunicado.