Uma resolução adotada nesta quinta-feira (21) pelos legisladores da União Europeia (UE) determina que o bloco aprofunde os laços com Taiwan e trabalhe um acordo de investimento com a ilha semiautônoma. A decisão é um avanço nas relações entre as duas partes, depois que um projeto semelhante foi mantido em suspenso no ano passado. As informações são da agência Reuters.
A medida gerou reação imediata de reprovação do governo da China, que trata Taiwan como parte do seu território e não admite relações exteriores que encarem a ilha como um país soberano. “O Parlamento da UE deve interromper imediatamente as palavras e ações que minam a soberania e a integridade territorial da China”, disse em Beijing o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Wang Wenbin.
A resolução foi aprovada pelo Parlamento Europeu (PE) por 580 votos a 26, determinando que o bloco “inicie urgentemente uma avaliação de impacto, consulta pública e exercício de escopo em um acordo bilateral de investimento”.
Ocorre que Taiwan, uma potência tecnológica global, é um parceiro comercial cada vez mais atraente para os europeus, sobretudo em meio à escassez global de semicondutores. Ultimamente, Bruxelas tem feito lobby para que os principais fabricantes de chips da ilha passem a investir mais na UE, algo que já é realidade no caso dos Estados Unidos.
A decisão desta quinta também define a mudança do nome da representação comercial da UE em Taipé, para Escritório da União Europeia em Taiwan. Isso, porém, não muda o fato de que nem bloco, nem seus Estados-Membros, mantêm relação diplomática formal com a ilha.
Por que isso importa?
Taiwan é uma questão territorial sensível para os chineses. Relações exteriores que tratem o território como uma nação autônoma estão, no entendimento de Beijing, em desacordo com o princípio defendido de “Uma Só China“, que também encara Hong Kong como território chinês.
Desde 2015, a UE tem Taiwan na relação de parceiros comerciais elegíveis para um acordo de investimento, embora o bloco não tenha mantido negociações com a ilha desde então. Porém, assim, como os Estados Unidos, o bloco europeu tem se aproximado de Taipé, levando a China a endurecer sua retórica contra as reivindicações de independência da ilha autônoma no ano passado.
Embora não tenha relações diplomáticas formais com Taiwan, assim como a maioria dos países do mundo, os EUA são os mais importantes financiadores internacionais e principais fornecedores de armas da ilha, o que causa imenso desgosto a Beijing, que tem adotado uma postura belicista na tentativa de controlar a situação.
Jatos militares chineses passaram a realizar exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan, e agora habitualmente invadem o espaço aéreo da ilha, deixando claro que a China não aceitará a independência do território “sem uma guerra”.