Em vídeo, supostos soldados russos exigem resgate para não executar ucraniano

Conselheiro do presidente Volodymyr Zelensky reproduziu as imagens e comparou as tropas russas ao Estado Islâmico

Um vídeo que viralizou na internet mostra o que seriam soldados russos ameaçando executar um combatente da Ucrânia caso a mãe dele não pague um resgate de cinco mil euros. As informações são da revista Newsweek.

Entre as pessoas que reproduziram o vídeo está Mykhailo Podolyak, conselheiro do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. Ele usou o Twitter para divulgar as imagens, que têm áudio em russo e legendas em inglês.

“Este vídeo foi enviado por soldados russos para a mãe de um prisioneiro ucraniano. Eles exigem € 5.000 e ameaçam que o próximo vídeo que ela receber será a execução de seu filho. Soldados russos estão cada vez mais parecidos com os militantes do ISIS (Estado Islâmico). A Rússia deve ser reconhecida como estado terrorista”, diz o conselheiro no post.

Pela tradução do vídeo, o ucraniano é identificado como Aleksey Artyomovich Novikov. Interrogado pelos captores, ele diz que foi feito prisioneiro no dia 23 de abril e que é um “soldado da 109ª Brigada da Força de Defesa Territorial da Região de Donetsk, comandante de pelotão”. Também afirma que se voluntariou para o combate na cidade de Mariupol, principal alvo dos ataques russos na guerra.

De acordo com o site investigativo russo Meduza, a mãe do soldado, Olga Novikova, diz que recebeu contato dos raptores através do perfil do filho no Facebook. “Eles exigem um resgate, e, se eu não der o dinheiro, eles prometem matá-lo e me enviar um vídeo da execução”, contou ela.

A mãe diz que sequer recebeu provas de que o filho ainda esteja vivo, vez que não sabe dizer quando as imagens foram registradas. E, em caso de pagamento do resgate, afirma que o filho não seria entregue de volta à família, e sim a um oficial russo de alta patente, com a possibilidade de ser trocado por outros prisioneiros de guerra.

Soldado supostamente ameaçado de execução se a mãe não pagar o resgate (Foto: reprodução de vídeo)

Por que isso importa?

A escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, que culminou com a efetiva invasão russa ao país vizinho, no dia 24 de fevereiro, remete à anexação da Crimeia pelos russos, em 2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo an. Aquele conflito foi usado por Vladimir Putin como argumento para justificar a invasão integral, classificada por ele como uma “operação militar especial”.

“Tomei a decisão de uma operação militar especial”, disse Putin pouco depois das 6h de Moscou (0h de Brasília) de 24 de fevereiro. Cerca de 30 minutos depois, as primeira explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, e logo em seguida em Mariupol, no leste do país.

No início da ofensiva, o objetivo das forças russas era dominar Kiev, alvo de constantes bombardeios. Entretanto, diante da inesperada resistência ucraniana, a Rússia foi forçada a mudar sua estratégia. As tropas, então, começaram a se afastar de Kiev e a se concentrar mais no leste ucraniano, a fim de tentar assumir definitivamente o controle de Donbass e de outros locais estratégicos naquela região.

Em meio ao conflito, o governo da Ucrânia e as nações ocidentais passaram a acusar Moscou de atacar inclusive alvos civis, como hospitais e escolas, dando início a investigações de crimes de guerra ou contra a humanidade cometidos pelos soldados do Kremlin.

O episódio que mais pesou para as acusações foi o massacre de Bucha, cidade ucraniana em cujas ruas foram encontrados dezenas de corpos após a retirada do exército russo. As imagens dos mortos foram divulgadas pela primeira vez no dia 2 de abril, por agências de notícias, e chocaram o mundo.

O jornal The New York Times realizou uma investigação com base em imagens de satélite e associou as mortes em Bucha a tropas russas. As fotos mostram objetos de tamanho compatível com um corpo humano na rua Yablonska, entre 9 e 11 de março. Eles estão exatamente nas mesmas posições em que foram descobertos os corpos quando da chegada das tropas ucranianas, conforme vídeo feito por um residente da cidade em 1º de abril.

Fora do campo de batalha, a Rússia tem sido alvo de todo tipo de sanções. As esperadas punições financeiras impostas pelas principais potencias globais já começaram a sufocar a economia russa, e o país tem se tornado um pária global. Desde a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro, mais de 600 empresas ocidentais deixaram de operar na Rússia, seja de maneira temporária ou definitiva, parcial ou integral.

Os mortos de Putin

Desde que assumiu o poder na Rússia, em 1999, o presidente Vladimir Putin esteve envolvido, direta ou indiretamente, ou é forte suspeito de ter relação com inúmeros eventos, que levaram a dezenas de milhares de mortes. A lista de vítimas do líder russo tem soldados, civis, dissidentes e até crianças. E vai aumentar bastante com a guerra que ele provocou na Ucrânia.

Na conta dos mortos de Putin entram a guerra devastadora na região do Cáucaso, ações fatais de suas forças especiais que resultaram em baixas civis até dentro do território russo, a queda suspeita de um avião comercial e, em 2022, a invasão à Ucrânia que colocou o mundo em alerta.

A Referência organizou alguns dos principais incidentes associados ao líder russo. Relembre os casos.

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