Abastecimento de alimentos em todo o mundo terá maior queda em três anos

Desigualdade na insegurança alimentar coloca, cada vez mais, mulheres em desvantagem, de acordo com dados das Nações Unidas

Chefes de cinco agências internacionais pedem urgência na ação de combate à crise global de segurança alimentar e nutricional. Cerca de 349 milhões de pessoas enfrentam o estágio agudo de insegurança alimentar em 79 países.

A desnutrição deve prevalecer após três anos de piora, segundo os chefes da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), do Banco Mundial, do Programa Mundial de Alimentos (PMA) e da Organização Mundial do Comércio (OMC).

A comunicação conjunta ressalta que o abastecimento global de alimentos deverá cair para a menor taxa em três anos em 2022/2023, conforme a pobreza e a insegurança alimentar aumentam após décadas de ganhos de progressos.

Os autores do comunicado citam a situação causada pelos tremores na Turquia e na Síria e declaram que o choque sem precedentes no sistema alimentar global atinge os mais frágeis, com interrupções na cadeia de suprimentos, mudanças do clima, pandemia, restrições financeiras após o aumento das taxas de juros e a guerra na Ucrânia.

O comunicado destaca ainda a alta inflação de alimentos no mundo, com dezenas de países chegando a dois dígitos.

Homem compra alimentos em Nairóbi, Quênia, em abril de 2020 (Foto: Banco Mundial/Sambrian Mbaabu)
Proteção social para um bilhão de pessoas

A resposta à alta de preços de alimentos, combustíveis e fertilizantes custou mais de US$ 710 bilhões em medidas de proteção social para um bilhão de pessoas. O total inclui aproximadamente US$ 380 bilhões em subsídios.

Mesmo assim, somente US$ 4,3 bilhões foram gastos em nações de baixa renda para medidas de proteção social, em comparação com US$ 507,6 bilhões em economias de alta renda.

O apelo à ação urgente visa a travar a piora da crise de segurança alimentar e nutricional para os focos de fome, além de facilitar o comércio, melhorar o funcionamento dos mercados e fortalecer o papel do setor privado.

Por último, a recomendação das cinco instituições é que a atuação possa reformar e redirecionar subsídios com maior foco e eficiência.

Resultados nutricionais

Junto à atuação internacional para abordar desafios em áreas como proteção social e mercados de alimentos e fertilizantes, os cinco líderes pedem maior coordenação para evitar uma crise prolongada nessas três áreas.

Embora os preços das commodities alimentares e a demanda global estejam diminuindo, eles “permanecem acima das médias históricas, drenando os recursos das economias importadoras”.

O maior impacto da alta de custos é sobre os mais pobres que gastam mais do que seu orçamento permite com comida.

Para o grupo de instituições, há novas avaliações apontando que lacunas na acessibilidade dos alimentos estão piorando, afetando especialmente as crianças. O comunicado ressalta ainda que vem aumentando a já conhecida disparidade de insegurança alimentar, que coloca as mulheres em desvantagem em relação aos homens em todas as regiões do mundo.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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