As commodities alimentares tiveram uma alta de preços histórica no ano passado, em meio à guerra causada pela invasão da Ucrânia pela Rússia e a outras questões que também contribuíram para o recorde. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (6) pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
No ano passado, o índice de preços de alimentos da FAO, que acompanha as variações mensais dos preços internacionais das commodities alimentares comumente negociadas, teve média de 143,7 pontos, 14,3% acima do valor médio de 2021. Trata-se da maior variação já registrada desde que o índice foi estabelecido.
Apesar do aumento recorde, a agência celebrou os bons números do mês de dezembro, quando a variação foi 1% menor que a do mesmo mês no ano anterior. “Os preços mais calmos das commodities alimentares são bem-vindos após dois anos muito voláteis”, disse o economista-chefe da FAO, Maximo Torero.
O principal motivo por trás do aumento dos preço foi a guerra, que chegou a interromper o comércio de alimentos pelo Mar Negro. Juntas, Ucrânia e Rússia produzem quase 30% de todo o trigo comercializado no mundo e são responsáveis por cerca de 12% de todas as calorias consumidas globalmente.
Também pesa o fato de que as duas nações, junto de Belarus, produzem uma quantidade relevante de todo o fertilizante usado no mundo. Em dezembro, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) alertou que a crise de fertilizantes, cujos preços subiram 199% desde maior de 2020, contribuíram para colocar 49 milhões de pessoas à beira da fome em todo o mundo.
Entretanto, o aumento dos preços de alimentos, combustíveis e fertilizantes já havia atingido níveis recordes no final de 2021, antes do conflito. A invasão russa só piorou a situação, vez que a Rússia é um grande exportador de nitrogênio, fósforo e potássio (NPK), três grandes grupos de fertilizantes.
Diante desse cenário, as previsões apontam para uma possível crise de alimentos em 2023, problema ampliado pelos choques climáticos e pelos outros conflitos que também afetam a produção global dessas commodities. Os crescentes custos de comida e combustível agravam a situação principalmente dos mais pobres, muitos afetados por conflitos e mudanças climáticas.
“É importante permanecer vigilante e manter um forte foco na mitigação da insegurança alimentar global, uma vez que os preços mundiais dos alimentos permanecem em níveis elevados, com muitos alimentos básicos perto de recordes, e com os preços do arroz aumentando, e ainda muitos riscos associados ao abastecimento futuro”, disse Torero.