Avanço conquistado na proteção da saúde humana ‘está em perigo’, alerta chefe da ONU

Guterres cita aumento da expectativa de vida e queda da mortalidade infantil, mas alerta para ameaças atuais como as mudanças climáticas

A expectativa de vida global aumentou 50% desde o nascimento da OMS (Organização Mundial da Saúde) da ONU, há 75 anos. Entretanto, o chefe da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, afirmou no domingo (21) que, devido à Covid-19, às mudanças climáticas e a outros desafios, “o progresso está em perigo”.

O secretário-geral discursou na abertura anual da Assembleia Mundial da Saúde, o órgão de decisão da OMS, e disse que a agência nasceu de um espírito de cooperação, levando a melhorias dramáticas na saúde humana.

“Expectativa de vida global aumentou mais de 50%, a mortalidade infantil caiu 60% em 30 anos, a varíola foi erradicada e a poliomielite está à beira da extinção. Mas o progresso está em perigo. Guerra e conflito ameaçam milhões. A saúde de bilhões está ameaçada pela crise climática“, disse Guterres.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em conferência de imprensa sobre o Ebola na República Democrática do Congo, em Genebra, maio de 2018 (Foto: UN Photo/Elma Okic)
“Podemos voltar ao caminho do progresso”

O chefe da ONU disse que a Covid-19 estagnou e até reverteu as melhorias constantes na saúde pública e levou a um retrocesso nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de 2030.

“Mas isso não é inevitável”, continuou. “Podemos voltar ao caminho do progresso. Podemos realizar nossas ambições de saúde e bem-estar para todos. Mas apenas se o mundo funcionar em conjunto. Se cooperarmos, apesar das tensões que prejudicam as relações entre as nações”.

Ele disse que promover a saúde pública a longo prazo significa fortalecer a independência, autoridade e financiamento da OMS, “que está no centro de nosso esforço internacional” e deve ter um papel de coordenação fundamental no combate à próxima pandemia.

À medida que as negociações internacionais continuam para um novo plano de ação pandêmico, “é vital nos prepararmos para as ameaças à saúde que virão, de novas pandemias a perigos climáticos, para prevenirmos onde pudermos e respondermos de forma rápida e eficaz onde não pudermos”, afirmou Guterres.

Sem continuar como antes: Tedros

Reforçando essa mensagem em seu discurso introdutório à Assembleia, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que a saída do mundo do túnel escuro da Covid-19 “não foi apenas o fim de um pesadelo do qual acordamos. Não podemos simplesmente continuar como fazíamos antes.”

“As dolorosas lições da pandemia devem ser compreendidas”, disse ele. “A principal dessas lições é que só podemos enfrentar ameaças compartilhadas com uma resposta compartilhada.”

Semelhante à Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco da OMS, o acordo pandêmico em negociação “deve ser um acordo histórico para fazer uma mudança de paradigma na segurança da saúde global, reconhecendo que nossos destinos estão interligados”, acrescentou Tedros.

“Este é o momento para escrevermos juntos um novo capítulo na história da saúde global; para traçar um novo caminho a seguir, juntos; para tornar o mundo mais seguro para nossos filhos e netos, juntos”, afirmou.

Lançada nova rede de proteção contra doenças

A Assembleia começou quando a OMS e seus parceiros lançaram uma nova rede global para ajudar a proteger as pessoas em todos os lugares contra ameaças de doenças infecciosas, por meio do poder da genômica de patógenos.

A Rede Internacional de Vigilância de Patógenos (IPSN, na sigla em inglês) fornecerá uma plataforma para conectar países e regiões, melhorando os sistemas de coleta e análise de amostras, usando dados para orientar a tomada de decisões em saúde pública e compartilhando essas informações de maneira mais ampla, disse a OMS em um comunicado à imprensa.

A genômica de patógenos analisa o código genético de vírus, bactérias e outros organismos causadores de doenças para entender o quão infecciosos eles são, quão mortais eles são e como eles se espalham.

O IPSN terá um Secretariado sediado no Centro de Inteligência Pandêmica e Epidêmica da OMS, com uma meta ambiciosa, “que também pode desempenhar um papel vital na segurança da saúde : dar a todos os países acesso ao sequenciamento e análise genômica de patógenos como parte de seu público sistema de saúde”, disse Tedros.

“Como nos foi tão claramente demonstrado durante a pandemia da Covid-19, o mundo é mais forte quando se une para combater ameaças de saúde partilhadas ”, afirmou Tedros.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News

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