Deslocamento forçado atinge número recorde de 110 milhões de pessoas, diz relatório

“Algumas pessoas são muito rápidas para entrar em conflito e muito lentas para encontrar soluções", diz alto comissário da ONU

A guerra da Ucrânia, os conflitos no Sudão e em outras regiões e os distúrbios climáticos geraram um número recorde de pessoas deslocadas à força em todo o mundo. Relatório anual divulgado nesta quarta-feira (14) pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) aponta que 110 milhões de pessoas vivem forçadamente fora de suas casas atualmente.

“Esses números nos mostram que algumas pessoas são muito rápidas para entrar em conflito e muito lentas para encontrar soluções. A consequência é devastação, deslocamento e angústia para cada um dos milhões de pessoas arrancadas à força de suas casas”, disse o alto comissário para refugiados, Filippo Grandi.

Família evacuada de Irpin, região de Kiev, Ucrânia, março de 2022 (Foto: Julia Kochetova/Unicef)

Até o final de 2022, o número de pessoas deslocadas por guerra, perseguição, violência e abusos dos direitos humanos já havia atingido um recorde de 108,4 milhões. Foram 19,1 milhões a mais de pessoas forçadas a sair de casa no ano passado que no relatório anterior, referente a 2021.

Considerando os números do final do ano passado, 35,3 milhões eram refugiados, pessoas que cruzaram uma fronteira internacional para encontrar segurança, enquanto uma parcela maior, 62,5 milhões de pessoas, eram deslocados internamente devido a conflitos e violência. Os dados englobam ainda 5,4 milhões de requerentes de asilo e outros 5,2 milhões com necessidade de proteção internacional.

A invasão da Ucrânia pela Rússia foi o principal fator de deslocamento em 2022, de acordo com o documento da ONU (Organização das Nações Unidas). O número de refugiados ucranianos disparou de 27,3 mil no final de 2021 para 5,7 milhões no final de 2022, representando o fluxo mais rápido de refugiados em qualquer lugar desde a Segunda Guerra Mundial.

O Afeganistão também contribuiu para o triste recorde, com muitos cidadãos fugindo do país desde que o Taleban assumiu o governo. Nesse caso, as estimativas foram muito maiores no final de 2022, devido a dados revisados de afegãos hospedados no Irã, embora muitos tenham chegado em anos anteriores. O relatório igualmente apresenta uma revisão do número de venezuelanos na Colômbia e no Peru.

“Pessoas em todo o mundo continuam a mostrar uma hospitalidade extraordinária para com os refugiados enquanto oferecem proteção e ajuda aos necessitados”, destacou Grandi, que na sequência fez uma ressalva. “Mas é necessário muito mais apoio internacional e compartilhamento de responsabilidade mais equitativo, especialmente com os países que estão hospedando a maioria dos deslocados do mundo.”

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