Desmatamento global diminui, mas florestas tropicais continuam ameaçadas

América do Sul teve principal perda, com 68 milhões de hectares a menos. Expansão agrícola e pecuária são as principais causas.

A FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) divulgou nesta segunda-feira (9) um relatório mostrando que a taxa de desaparecimento das florestas do mundo diminuiu quase 30% no período 2010-2018, em comparação com a primeira década deste século.

Entretanto, o mesmo estudo indica que as florestas tropicais ainda estão sob a maior ameaça, seja pela criação de gado na América do Sul ou pela expansão de terras agrícolas, como plantações de dendezeiros, na Ásia.

O levantamento da FAO aponta que o desmatamento anual caiu cerca de 29%, passando de 11 milhões de hectares por ano, entre 2000 e 2010, para 7,8 milhões de hectares por ano nos oito anos seguintes. Os dados são da Pesquisa Global de Sensoriamento Remoto de Avaliação de Recursos Florestais.

As perdas líquidas de área florestal caíram mais da metade durante o período avaliado pela agência da ONU, diminuindo de 6,8 milhões de hectares para 3,1 milhões de hectares anuais em quase duas décadas.

Analisando por região, o maior desmatamento ocorreu na América do Sul, que reduziu suas reservas florestais em 68 milhões de hectares, seguida pela África, com 49 milhões de hectares. Apesar de ser o continente com a maior taxa, o desmatamento de fato diminuiu na América do Sul, como aconteceu no sul e sudeste da Ásia.

Vastidão de florestas tropicais do Suriname, abril de 2010 (Foto: Divulgação/Flickr/James Prosek)
Florestas tropicais

Segundo a FAO, a perda de florestas tropicais foi responsável por mais de 90% do desmatamento global de 2000 a 2018, em 157 milhões de hectares. A área é equivalente ao tamanho da Europa Ocidental. No entanto, o desmatamento anual de áreas tropicais diminuiu de 10,1 milhões de hectares por ano, na primeira década do século, para 7 milhões de hectares por ano no período seguinte.

Para a vice-diretora da FAO, Maria Helena Semedo, a pesquisa é importante por apontar as tendências da área florestal, indicar o que está impulsionando o desmatamento e para monitorar a evolução. Ela adicionou que o desenvolvimento agrícola insustentável e outros usos da terra continuam a exercer forte pressão sobre as florestas, especialmente em países mais pobres.

Segundo Semedo, existem soluções que podem ser ampliadas para “alimentar o mundo sem destruir nossas florestas”.

A expansão das terras agrícolas é o principal motor do desmatamento, causando quase 50% do desmatamento global, seguido pela pecuária, responsável por 38,5%. Apenas a exploração de dendê foi responsável por 7% do desmatamento global em dezoito anos.

A pesquisa aponta que as regiões tropicais da América Central são as mais ameaçadas pela conversão do uso da terra: 30,3% da floresta na região úmida tropical da América Central e 25,2% da floresta tropical da América Central foram perdidas no período estudado.

Recuperação florestal

De acordo com o estudo da FAO, o ganho de área florestal anual global apresentou um ligeiro aumento, passando de 4,2 milhões de hectares por ano, na década de 2000 a 2010, para 4,7 milhões de hectares por ano no período entre 2010 e 2018. A área de floresta plantada aumentou 46 milhões de hectares entre as duas décadas estudadas.

Quase um quarto das florestas plantadas neste milênio substituiu as florestas em regeneração natural, com metade dessa área no sul e sudeste da Ásia.

O estudo liderado pela FAO é baseado na análise consistente de 400 mil amostras por mais de 800 especialistas locais de 126 países e territórios.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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