Dez florestas do mundo liberam mais CO2 que absorvem, diz relatório da Unesco

Incêndios florestais, desmatamento e os efeitos da mudança climática teriam levado esses ecossistemas a emitirem grandes quantidades de carbono

Um novo relatório divulgado na quinta-feira (28) pela Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) apresenta uma informação alarmante: ao invés de ajudar no controle do aquecimento global através do consumo de CO2, algumas das florestas mais importantes do mundo estão aumentando as emissões do gás no planeta.

A análise da agência mostra que dez ecossistemas na lista do Patrimônio Mundial, que inclui um total de 257 florestas, passaram a liberar mais gases do que consomem, devido a incêndios florestais, desmatamento e os efeitos da mudança climática.

Para o coautor do relatório, Tales Carvalho Resende, os dados fornecem “evidências da gravidade da emergência climática” global. De acordo com as descobertas da Unesco, a ação humana é a principal causa do problema.

Em alguns locais, o desmatamento para a agricultura fez com que as emissões fossem maiores do que a absorção. A crescente escala e severidade dos incêndios florestais, muitas vezes associados a severos períodos de seca, também foi um fator predominante em vários casos. Outros fenômenos climáticos extremos, como furacões, contribuíram em certos locais.

Parque Nacional de Yosemite, nos Estados Unidos (Foto: Pablo Fierro/Unsplash)

O conjunto de 257 florestas que fazem parte da lista da Unesco ocupam uma área de 69 milhões de hectares, ou duas vezes o tamanho da Alemanha.

A entidade destaca que os ecossistemas são ricos em biodiversidade e absorvem 190 milhões de toneladas de dióxido de carbono presentes na atmosfera por ano. O número representa aproximadamente a metade do carbono emitido apenas pelo Reino Unido no mesmo período.

No mundo inteiro, as florestas já absorveram aproximadamente 13 bilhões de toneladas de carbono, mais do que os gases nas reservas de petróleo do Kuwait. 

A Unesco explica que, se todo esse carbono armazenado fosse liberado na atmosfera, seria como emitir 1,3 vezes o total de emissões anuais provenientes de combustíveis fósseis.

Confira as dez florestas do Patrimônio Mundial que estão emitindo mais carbono do que são capazes de absorver:
  •      1. Patrimônio da Floresta Tropical de Sumatra, Indonésia
  •      2. Reserva da Biosfera do Rio Plátano, Honduras
  •      3. Parque Nacional de Yosemite, Estados Unidos
  •      4. Parque Internacional da Paz Waterton-Glacier, Canadá e Estados Unidos
  •      5. Montanhas Barberton Makhonjwa, África do Sul
  •      6. Parque Kinabalu, Malásia
  •      7. Bacia de Uvs Nuur, Rússia e Mongólia
  •      8. Parque Nacional do Grand Canyon, Estados Unidos
  •      9. Área de Grandes Montanhas Azuis, Austrália
  •     10. Parque Nacional Morne Trois Pitons, Dominica

América Latina

Na América Latina, a agência chama atenção para importantes perdas na região do Chaco na Argentina, na Bolívia, no Brasil e no Paraguai.

A pior seca em mais de 50 anos no local está colocando a subsistência e a vida de milhões pessoas em risco. Neste ano, o rio Paraná, segundo maior da América do Sul chegou a secar, segundo a agência.

A perda de florestas também é um fator que contribui para a liberação de dióxido de carbono. De acordo com um relatório da ONU (Organização das Nações Unidas), na América Latina, entre 2000 e 2016, quase 55 milhões de hectares de floresta foram destruídos. O número representa 91% da perda total de florestas do mundo, sendo que parte dessa perda foi devido a incêndios descontrolados.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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