Homem que matou três soldados israelenses era policial de fronteira egípcio

Durante operações de combate ao tráfico de drogas no deserto de Naqab, um homem vestido com uniforme das forças de segurança egípcias realizou o ataque

O homem apontado como responsável por atirar e matar três soldados israelenses no último final de semana na fronteira entre Sinai e Egito foi identificado pelo exército de Israel como um oficial da polícia de fronteira egípcia. As forças armadas dos dois países estão conduzindo uma investigação conjunta do primeiro incidente do gênero ao longo da demarcação em mais de uma década. As informações são do jornal britânico The Guardian.

De acordo com as informações do exército, dois soldados israelenses, um homem e uma mulher, que estavam posicionados em um local isolado ao longo da fronteira, foram mortos a tiros na manhã de sábado (3), pelo horário local. Após os soldados ficarem incomunicáveis por rádio, os corpos deles foram descobertos. Horas mais tarde, durante uma operação de busca, o suposto agressor foi localizado e morto em um confronto armado, conforme relatado pelas forças militares israelenses.

A mídia israelense relatou que o agressor, ainda não identificado, ingressou em território israelense através de uma passagem de emergência na cerca da fronteira. Essa passagem foi projetada para permitir o acesso das forças israelenses à península do Sinai, onde operam redes de contrabando de armas e drogas, bem como grupos terroristas como o Estado Islâmico (EI).

Cerca na fronteira entre Israel e o Egito no deserto de Naqab (Foto: WikiCommons)

O incidente ocorreu nas proximidades da passagem de fronteira de Nitzana e al-Awja, localizada entre Israel e Egito, aproximadamente 40 quilômetros a sudeste do ponto onde as fronteiras de Israel com o Egito e a Faixa de Gaza se encontram. Essa passagem é utilizada para importar mercadorias do Egito com destino a Israel ou ao território palestino.

O ministro da Defesa do Egito, Mohamed Zaki, realizou uma conversa telefônica com seu homólogo israelense para discutir o tiroteio na fronteira e “coordenar ações mútuas visando evitar incidentes semelhantes no futuro”, conforme afirmado em um comunicado emitido pelas forças militares egípcias.

Israel refutou a alegação do Egito de que um membro das forças de segurança do país estava perseguindo contrabandistas de drogas que cruzavam a cerca de segurança e afirmou que não houve uma troca de tiros.

O exército de Israel informou que, por volta das 2h de sábado, horário local, apreendeu drogas e mercadorias de contrabando no valor de 1,5 milhão de shekels (mais de R$ 1,9 milhão) na fronteira. No entanto, não foi estabelecida nenhuma conexão entre essa operação e o ataque subsequente.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, classificou os assassinatos como um “ataque terrorista” e enfatizou que Israel transmitiu uma mensagem clara ao governo egípcio. Ele expressou a expectativa de que a investigação conjunta seja abrangente e detalhada, conforme mencionado em seus comentários transmitidos pela televisão.

Netanyahu declarou que serão atualizados os procedimentos, métodos de operação e medidas para minimizar o contrabando, além de “garantir que ataques terroristas trágicos como esse não ocorram novamente”.

Incidente raro

Em 1979, o Egito se tornou o primeiro país árabe a assinar um tratado de paz com Israel, estabelecendo laços de segurança estreitos entre as nações. Conflitos ao longo de sua fronteira compartilhada são eventos raros.

Em 2013, Israel ergueu uma cerca de segurança ao longo da fronteira do Sinai, estendendo-se por 225 quilômetros, com o objetivo de conter uma série de ataques realizados por grupos militantes que operam no vasto deserto da península. Além disso, a cerca também visava controlar o fluxo de migrantes e refugiados provenientes de regiões como o Sudão.

Os funerais da sargento Lia Ben Nun, de 19 anos, sargento Ori Yitzhak Iluz, de 19 anos, e sargento Ohad Dahan, de 20 anos, foram realizados na tarde de domingo.

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