Jornalistas recebiam até US$ 250 por artigos para site anti-Ocidente pago pela Rússia

PeaceData foi identificado como propaganda russa para interferir na opinião pública dos EUA; site nega acusações

Os jornalistas contratados pelo site PeaceData, identificado pelo Facebook e FBI (Escritório Nacional de Investigação, em inglês) como propaganda anti-Ocidente financiada pela Rússia, recebiam até US$ 250 (R$ 1,3 mil) por reportagem.

A informação foi enviada à Reuters por seis repórteres freelancers convidados a escrever para o site.

A plataforma foi exposta na última terça (1), quando o Facebook afirmou ter encontrado novas tentativas russas de interferir na opinião pública dos EUA a menos de dois meses para as eleições presidenciais.

Jornalistas recebiam até U$ 250 por artigos enviados a suposto site anti-Ocidente
Sede do FBI, em Washington, capital norte-americana, 2012 (Foto: Flickr/Jossuppy)

Ainda no ar, o site não publicou nenhuma reportagem desde quarta-feira (2).

Os jornalistas eram recrutados via Twitter e LinkedIn com ofertas que variavam entre US$ 100 e US$ 250 por artigo. Todos alegaram receber o pagamento adiantado via transferência pela internet.

De acordo com os profissionais, o site incentivava textos escritos sob “ângulo político”, sem a necessária objetividade dos textos jornalísticos.

Alguns artigos, no entanto, sofreram adulterações dos editores antes da publicação no site. “Houve um ângulo político exagerado colocado em minhas histórias”, relatou um jornalista que pediu para não ser identificado.

“Rapidamente deixou de ser uma notícia, pois eles continuavam pedindo mais foco em tópicos políticos com um toque específico”, acrescentou.

“Censura”

Na quarta (2), o PeaceData lançou um editorial negando todas as acusações e reivindicando a página excluída pela rede social de Mark Zuckerberg.

“As ações realizadas pelo Facebook são a ferramenta perfeita para suprimir qualquer opinião impopular que desagrada o seu fórum”, diz o texto.

A equipe do site afirmou ter sido vítima de censura à imprensa de esquerda independente antes das eleições presidenciais e negou ter sido paga para qualquer tipo de propaganda.

A escolha em esconder seus nomes verdadeiros é uma questão de segurança, afirmaram. A Rússia negou todas as acusações.

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