ONU: Cerca de 1,8 bilhão dependem de instalações de saúde onde falta água

Ausência do serviço coloca agentes de saúde e pacientes sob alto risco de infecções, alertaram a OMS e a Unicef

Este conteúdo foi publicado originalmente no portal ONU News, da Organização das Nações Unidas

Em todo o mundo, cerca de 1,8 bilhão de pessoas estão sob maior risco de se contaminarem com o novo coronavírus que em qualquer outra parte do globo. A razão é a falta d’água em instalações de saúde utilizadas por elas.

Em comunicado nesta quinta-feira (14), o diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Ghebreyesus, disse que trabalhar nessas condições é o mesmo que enviar enfermeiros e médicos aos hospitais sem equipamentos de proteção.

Os serviços de água, saneamento básico e higiene são fundamentais para vencer a Covid-19. E a situação é grave nos países menos desenvolvidos, como aponta o Relatório Global sobre Instalações de Saúde para Água, Saneamento e Higiene. 

ONU: Cerca de 1,8 bilhão dependem de instalações de saúde onde falta água
Menino lava as mãos em local improvisado na cidade de Tiburon, Haiti, em maio de 2020 (Foto: Unicef/Edler Fils Guillaume)

O problema é evidenciado pelos riscos de contaminação nesses locais e a falta de prevenção e controle adequados da pandemia. Em todo o mundo, uma e cada quatro instalações hospitalares não tem água corrente.

Além disso, apenas uma em cada três não oferece recursos para a lavagem de mãos. Pelo menos 10% desses locais não têm saneamento básico e 30% não descartam o lixo hospitalar de forma segura.

Resistência antimicrobiana

A diretora executiva do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), Henrietta Fore, afirma que essa situação já colocava pacientes e pessoal de saúde em risco antes da pandemia, mas depois da Covid-19 se tornou impossível continuar ignorando esses problemas.

Nos 47 países menos desenvolvidos do mundo, uma em cada duas clínicas não tem água potável e em 25% das instalações de saúde não se pode fazer a higiene das mãos. Três de cada cinco não têm saneamento básico. 

Com apenas US$ 1 per capita por dia é possível auxiliar as 47 nações a construírem esses serviços, diz o estudo. Em média, apenas 20 centavos de dólares por dia ajudam a manter as operações dessas clínicas nesses países.

O relatório recomenda mais investimentos para melhorar a higiene das instalações e dos usuários o que por si é uma forma de combater a resistência antimicrobiana. O relatório foi feito em 165 países com base em pesquisas de 760 mil instalações de saúde.

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