Refugiados e migrantes não vivem hoje apenas uma crise, mas três, afirmou António Guterres, secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas) nesta quarta (3). O impacto desses problemas, afirmou, será “devastador”.
A mais óbvia é de saúde: a pandemia do novo coronavírus ganha contornos ainda mais dramáticos em ambientes como os acampamentos de acolhida. Nesses locais, muitas vezes improvisados, é difícil manter o distanciamento social quando não há acesso fácil a alimentos, saneamento básico e tratamento médico.
A situação piora quando se considera que a quase totalidade desses migrantes vive de empregos informais. Com a crise, diminuem as possibilidades de conseguir renda. Quem pode, tenta recorrer aos sistemas públicos de proteção social.
As consequências também são sentidas pelas famílias desses migrantes. Muitos economizam seu dinheiro e enviam uma parte para casa. Neste ano, o Banco Mundial estima queda de 20% nessas remessas. Países como Zimbábue e Cuba estão entre os que mais dependem desses recursos.
“Isto equivale a quase três quartos de toda a assistência oficial ao desenvolvimento que já não está a ser enviada para casa aos 800 milhões de pessoas que dependem dela”, afirmou Guterres.
O terceiro desafio enfrentado pelos refugiados é de mobilidade. Com as fronteiras fechadas, torna-se impossível se deslocar em busca de uma vida melhor. Ao menos 99 países não tem aberto as fronteiras nem para quem foge de perseguição, aponta a ONU.
A fala aconteceu durante a apresentação de um documento com sugestões de políticas para acolhimento de refugiados, nesta quarta (3).