ONU e parceiros debatem ‘momento crítico’ da crise alimentar global

Fatores como pandemia, mudanças climáticas e conflitos resultaram em quase um bilhão de pessoas passando fome em 2021

Aumentar a resiliência climática nos sistemas alimentares está entre as ações necessárias para combater o aumento da fome e da desnutrição. A afirmação foi feita na segunda-feira (18) pelo presidente da Assembleia Geral da ONU, Abdulla Shahid, em reunião especial para abordar a crise alimentar global. 

Fatores como pandemia de Covid-19, mudanças climáticas e conflitos em andamento resultaram em quase um bilhão de pessoas passando fome no ano passado. Enquanto isso, o Banco Mundial alertou que o conflito na Ucrânia mergulhará mais 95 milhões de pessoas na pobreza extrema e 50 milhões na fome severa, este ano.  

“Francamente, já estávamos aquém de nossas metas de segurança alimentar antes de 2020. No entanto, a situação agora é crítica”, disse Shahid. “Os choques de múltiplas crises globais enfraqueceram nossas instituições, nossas economias e desafiaram nossa capacidade de responder efetivamente”. 

Apesar desse quadro sombrio, os países não podem perder a esperança e devem se mobilizar coletivamente para aliviar a fome e a desnutrição globais, bem como abordar os fatores que causam o problema.  

Shahid também destacou a necessidade de priorizar a segurança alimentar nos países menos desenvolvidos do mundo, nações em desenvolvimento sem litoral e Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (SIDS, na sigla em inglês), cujos cidadãos “normalmente são forçados a gastar uma parcela maior de sua renda em necessidades básicas, incluindo alimentos, e são, portanto, desproporcionalmente afetados pelo aumento dos preços dos alimentos”. 

Esses países também devem receber ajuda para alcançar a transformação sustentável de seus sistemas alimentares, de acordo com as recomendações da Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU realizada no ano passado. 

Plantação de arroz na Colômbia (Foto: CIAT/Flickr)
Agenda multilateral

À medida que os países implementam práticas alimentares mais sustentáveis ​​e ambientalmente responsáveis, eles também devem abordar a segurança alimentar como parte de uma agenda multilateral mais ampla que reconheça a interconexão dos desafios de hoje e a futilidade de tentar resolvê-los unilateralmente ou isoladamente.  

Os sistemas alimentares devem ser capazes de fornecer dietas saudáveis ​​a preços acessíveis, sustentáveis ​​e inclusivas. Eles também devem se tornar uma poderosa força motriz para acabar com a fome, a insegurança alimentar e a desnutrição. 

“Entre as ações que devemos tomar imediatamente estão aumentar a resiliência climática em todos os sistemas alimentares, fortalecer os ambientes alimentares e mudar o comportamento do consumidor para promover padrões alimentares com impactos positivos na saúde humana e no meio ambiente”, disse Shahid.

O presidente da Assembleia Geral acrescentou outros aspectos a serem abordados: colocar fim aos conflitos e pandemias que interrompem as cadeias de suprimentos; reparar nossa relação com a natureza e garantir uma agricultura sustentável; e fortalecer as instituições globais que trabalham para aliviar a pobreza e a fome.

‘Momento crítico’ 

Em uma mensagem de vídeo para a reunião, o chefe da ONU, António Guterres, elogiou os parceiros por unirem forças no que chamou de “momento crítico”, observando que o número de pessoas em situação de insegurança alimentar severa dobrou nos últimos dois anos. 

“Enfrentamos um risco real de várias fomes este ano. E ano que vem pode ser ainda pior. Mas podemos evitar essa catástrofe se agirmos agora”, disse Guterres. 

O secretário-geral ressaltou a necessidade de reintegrar imediatamente a produção de alimentos da Ucrânia e os alimentos e fertilizantes da Rússia aos mercados mundiais e manter o comércio global aberto. E pediu o enfrentamento da crise financeira no mundo em desenvolvimento e o desbloqueio urgente de recursos para aumentar a proteção social e apoiar os pequenos agricultores para aumentar a produtividade e a autossuficiência.   

Por fim, Guterres afirmou que os países também devem transformar os sistemas alimentares em todos os níveis, a fim de colocar dietas acessíveis, saudáveis ​​e sustentáveis ​​ao alcance de todos, em todos os lugares.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News

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