“Positiva”, dizem EUA sobre participação da China nas negociações com a Ucrânia na Arábia Saudita

Beijing se mostrou aberta a participar de futuras negociações para buscar uma solução para a guerra durante cúpula no fim de semana

Na segunda-feira (7), os EUA expressaram que foi “produtiva” a participação da China nas negociações de paz na Ucrânia, organizadas pela Arábia Saudita, durante uma “reunião privada” realizada no fim de semana. A cúpula, que reuniu mais de 40 países, foi vista como uma tentativa de Kiev de atrair o interesse de nações fora da esfera de influência de Washington. As informações são da rede NBC News.

O porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, destacou que a presença de Beijing foi vista como benéfica. “Há muito tempo dissemos que seria produtivo para a China desempenhar um papel no fim da guerra se estivesse disposta a desempenhar um papel que respeitasse a integridade territorial da Ucrânia e a soberania ucraniana”, disse ele.

A presença da China na cúpula da Ucrânia, apesar da Rússia, sua aliada, não ter sido convidada, foi vista como motivo de otimismo por Kiev. Anteriormente, Beijing havia faltado a uma reunião relacionada ao país invadido na Dinamarca, tornando sua participação na cúpula na Arábia Saudita significativa.

Monumento à Pátria, em Kiev, que recentemente teve removido o brasão da antiga União Soviética do escudo (Foto: Jorge Franganillo/Flickr)

A reunião ocorreu em Jeddah, e contou com a participação do conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, e da vice-secretária interina de Assuntos de Estado, Victoria Nuland, em nome dos EUA.

Miller acrescentou que considerou produtivo o fato de que vários países tenham tido a oportunidade de “ouvir diretamente da Ucrânia sobre a violência infligida em seu país pela Rússia” e “também sobre sua visão de uma paz justa e duradoura que preserve sua integridade territorial e sua soberania”.

A presença da China na cúpula demonstra seu apoio aos “esforços substantivos” para buscar uma resolução pacífica da guerra por meio de negociação e diplomacia. O analista político chinês, Victor Gao, que possui fortes ligações com o Partido Comunista Chinês (PCC), afirmou que Beijing está disposta a “ouvir atentamente qualquer ideia ou proposta que contribua para a solução pacífica do conflito”.

No domingo, as conversações foram concluídas com os participantes concordando sobre a importância de continuar as consultas para promover a paz. A declaração de encerramento da reunião de dois dias ressaltou o objetivo de discutir soluções para a crise na Ucrânia, enfatizando a necessidade de continuar as consultas internacionais para encontrar um terreno comum e preparar o caminho para a paz.

De acordo com um diplomata europeu, a China “parecia construtiva” e “ansiosa para mostrar que não é a Rússia”. A presença do gigante asiático no fórum indica que a “Moscou está cada vez mais isolada”. acrescentou a fonte ouvida pelo Financial Times.

Diversos países, incluindo a China com seu enviado especial para Assuntos da Eurásia, Li Hui, e representantes da Turquia, Alemanha, França e Estônia, também participaram das negociações.

Beijing apresentou um plano de paz de 12 pontos no primeiro aniversário da guerra na Ucrânia, em fevereiro deste ano, mas o Ocidente o rejeitou amplamente.

Em fevereiro do ano passado, pouco antes do início da guerra, os presidentes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin, anunciaram uma parceira “sem limites”, formando assim uma frente consistente para enfrentar o Ocidente. Hoje, com o conflito em curso na Europa e a ameaça constante de um invasão chinesa a Taiwan que colocaria os EUA contra a parede, a parceria não dá sinais de enfraquecimento.

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