Quase 1,7 mil jornalistas foram assassinados nos últimos 20 anos, segundo ONG

Iraque e Síria são os países mais perigosos para profissionais de mídia, enquanto a Rússia é o mais mortífero da Europa

Um relatório divulgado pela ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) nesta sexta-feira (30) afirma que quase 1,7 mil jornalistas foram mortos em todo o mundo nos últimos 20 anos. Entre as principais causas estão assassinatos, assassinatos por encomenda, emboscadas, mortes em zonas de guerra e ferimentos fatais.

No período entre 2003 e 2022, “um total impressionante de 1.668 jornalistas foram mortos em todo o mundo em conexão com seu trabalho nas últimas duas décadas”, detalhou a RSF em seu site, número que representa uma média de mais de 80 jornalistas mortos a cada ano.

“O número anual de mortos atingiu o pico em 2012 e 2013, com 144 e 142 jornalistas mortos, respectivamente”. Esses picos, segundo a RSF, ocorreram em grande parte por consequência da guerra na Síria.

IPI registra mais de 350 ataques à liberdade de imprensa em meio à guerra na UcrâniaJornalista registra eventos na Praça da Independência durante violentos confrontos em Kiev em 2014 (Foto: Wikimedia Commons)

Cerca de 80% das mortes registradas entre 2003 e 2022 ocorreram em 15 países. Os mais perigosos para o exercício da atividade jornalísticas são Iraque e Síria, onde há uma campanha antiterrorismo contra o Estado Islâmico (EI). Somente nesses dois países, 578 jornalistas foram mortos, aponta o relatório. Em seguida vêm Afeganistão, Iêmen, Palestina e Somália.

Na Europa, a Rússia continua sendo o país mais mortal para os jornalistas. Segundo a RSF, desde que Vladimir Putin assumiu, Moscou tem coordenado ataques sistemáticos à liberdade de imprensa, inclusive mortais. A ONG citou o assassinato de Anna Politkovskaya, em 2006. Ela vinha sendo ameaçada pelo trabalho investigativo que fazia na Chechênia, denunciando abusos de poder e também por suas críticas endereçadas a Putin, a quem acusava de transformar o país em um Estado policial. 

“Por trás das figuras, estão os rostos, as personalidades, o talento e o empenho de quem pagou com a vida pela coleta de informações, pela busca da verdade e pela paixão pelo jornalismo”, disse o secretário-geral da RSF, Christophe Deloire.

Segundo ele, em cada um de seus levantamentos anuais, a RSF continuou a documentar a violência injustificável que atingiu especificamente os trabalhadores da mídia. 

“O final deste ano é um momento oportuno para lhes prestar homenagem e apelar ao respeito total pela segurança dos jornalistas onde quer que trabalhem e testemunhem as realidades do mundo”.

A RSF também apontou que “mais jornalistas foram mortos em ‘zonas de paz‘ ​​do que em ‘zonas de guerra‘ nas últimas duas décadas”.

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