Após fala de ministro, Moscou questiona se Israel tem mesmo um arsenal nuclear

Amichai Eliyahu sugeriu o uso de armas de destruição em massa contra Gaza, embora o Estado judeu jamais tenha admitido possuí-las

O ministro do Patrimônio israelense, Amichai Eliyahu, disse a uma rádio local no domingo (5) que considera o uso de uma bomba nuclear na Faixa de Gaza “uma possibilidade”.

A declaração sobre o uso de arma atômica no enclave palestino gerou preocupação e reações de diversos países ao redor do mundo, particularmente entre autoridades russas e norte-americanas, repercutiu a agência Al Jazeera. E, sobretudo, dúvidas: Tel Aviv possui esse tipo de armamento?

A fala de Eliyahu, que é ligado ao partido de extrema direita Otzma Yehudit (Poder Judeu), dá a entender que Israel não apenas possui armas nucleares, embora nunca tenha admitido isso. Mas que também estaria disposto a usá-las.

Palestinos verificam os danos após um ataque aéreo israelense na área de El-Remal, na Cidade de Gaza, em 9 de outubro de 2023 (Foto: WikiCommons)

Durante a entrevista, Eliyahu também manifestou sua oposição à prestação de qualquer ajuda humanitária a Gaza. “Não forneceríamos assistência aos nazistas”, acrescentando que, em sua visão, “não existem civis não envolvidos em Gaza.”

Ele acabou afastado do cargo pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu “até novo aviso”. O premiê comentou sobre sua decisão no X, antigo Twitter. “As declarações de Eliyahu não são baseadas na realidade”, disse.

Confissão?

Em Moscou, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, expressou sua preocupação com o que ela considerou uma possível admissão por parte de Israel de que possui armas de destruição em massa. E questionou:

“Pergunta número um: estamos ouvindo declarações oficiais sobre a presença de armas nucleares?”.

Ela também questionou a ausência de ação por parte da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e dos inspetores nucleares internacionais, caso essa admissão fosse confirmada.

A estimativa da Federação de Cientistas Americanos (FAS, da sigla em inglês) indica que Israel possui cerca de 90 ogivas nucleares, adicionando um elemento adicional de preocupação a essa questão.

Na segunda-feira (6), os Estados Unidos criticaram fortemente os comentários de Eliyahu, considerando-os “totalmente inaceitáveis”. O porta-voz adjunto do Departamento de Estado, Vedant Patel, enfatizou a importância de evitar discursos de ódio por todas as partes envolvidas no conflito.

As declarações do ministro suspenso também foram condenadas por nações árabes e levaram o Irã a pedir uma resposta internacional urgente. O ministro das Relações Exteriores iraniano, Hossein Amirabdollahian, chamou Israel de “regime bárbaro” pelo X e cobrou ações da AIEA e da ONU (Organização das Nações Unidas).

Posteriormente, Eliyahu buscou corrigir sua declaração, afirmando que era “evidente para qualquer pessoa sensata” que sua menção a armas nucleares havia sido “uma metáfora”, repercutiu o site Politico.

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