O ministro do Patrimônio israelense, Amichai Eliyahu, disse a uma rádio local no domingo (5) que considera o uso de uma bomba nuclear na Faixa de Gaza “uma possibilidade”.
A declaração sobre o uso de arma atômica no enclave palestino gerou preocupação e reações de diversos países ao redor do mundo, particularmente entre autoridades russas e norte-americanas, repercutiu a agência Al Jazeera. E, sobretudo, dúvidas: Tel Aviv possui esse tipo de armamento?
A fala de Eliyahu, que é ligado ao partido de extrema direita Otzma Yehudit (Poder Judeu), dá a entender que Israel não apenas possui armas nucleares, embora nunca tenha admitido isso. Mas que também estaria disposto a usá-las.
Durante a entrevista, Eliyahu também manifestou sua oposição à prestação de qualquer ajuda humanitária a Gaza. “Não forneceríamos assistência aos nazistas”, acrescentando que, em sua visão, “não existem civis não envolvidos em Gaza.”
Ele acabou afastado do cargo pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu “até novo aviso”. O premiê comentou sobre sua decisão no X, antigo Twitter. “As declarações de Eliyahu não são baseadas na realidade”, disse.
Confissão?
Em Moscou, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, expressou sua preocupação com o que ela considerou uma possível admissão por parte de Israel de que possui armas de destruição em massa. E questionou:
“Pergunta número um: estamos ouvindo declarações oficiais sobre a presença de armas nucleares?”.
Ela também questionou a ausência de ação por parte da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e dos inspetores nucleares internacionais, caso essa admissão fosse confirmada.
A estimativa da Federação de Cientistas Americanos (FAS, da sigla em inglês) indica que Israel possui cerca de 90 ogivas nucleares, adicionando um elemento adicional de preocupação a essa questão.
Na segunda-feira (6), os Estados Unidos criticaram fortemente os comentários de Eliyahu, considerando-os “totalmente inaceitáveis”. O porta-voz adjunto do Departamento de Estado, Vedant Patel, enfatizou a importância de evitar discursos de ódio por todas as partes envolvidas no conflito.
As declarações do ministro suspenso também foram condenadas por nações árabes e levaram o Irã a pedir uma resposta internacional urgente. O ministro das Relações Exteriores iraniano, Hossein Amirabdollahian, chamou Israel de “regime bárbaro” pelo X e cobrou ações da AIEA e da ONU (Organização das Nações Unidas).
Posteriormente, Eliyahu buscou corrigir sua declaração, afirmando que era “evidente para qualquer pessoa sensata” que sua menção a armas nucleares havia sido “uma metáfora”, repercutiu o site Politico.