Ataques aéreos retaliatórios do Paquistão no Irã resultam em nove mortes

Islamabad responde após ter seu território atacado e diz que os alvos são militantes, enquanto Teerã relata as mortes de quatro crianças

As forças paquistanesas realizaram ataques aéreos retaliatórios no Irã nesta quinta-feira (18), tendo como alvos supostos esconderijos de militantes separatistas. As operações, que teriam resultado na morte de pelo menos nove civis, segundo Teerã, foram uma resposta à ação iraniana com mísseis e drones contra a porção paquistanesa do Baluchistão, ocorrida na terça-feira (16). As informações são da agência Associated Press.

A mídia iraniana relatou que múltiplos mísseis atingiram uma vila na província de Sistão-Baluchistão, localizada na fronteira com o Paquistão. Entre as vítimas estariam quatro crianças.

Ambos os ataques, tanto do Irã quanto do Paquistão, tiveram como supostos alvos grupos militantes balúchis, que têm objetivos separatistas semelhantes ao longo da fronteira entre os países. As tensões decorrem das acusações recíprocas de abrigo a esses grupos em seus respectivos territórios.

Lançador múltiplo de foguetes das forças paquistanesas (Foto: Creative Commons)

Os ataques balançaram as relações diplomáticas entre Teerã e Islamabad, ambos detentores de armas nucleares. O Paquistão alega igualmente que civis foram atingidos no ataque iraniano.

Em protesto contra o que chamou de “violação flagrante” de sua soberania, Islamabad convocou seu embaixador no Irã na quarta-feira (17). O país classificou o ato como uma “violação não provocada do seu espaço aéreo pelo Irã” e já havia alertado durante a semana que a agressão poderia gerar “sérias consequências.”

Teerã, por sua vez, alega que o alvo da operação militar no Baluchistão foi o Jaish al-Adl, ou “exército da justiça”, um grupo armado sunita do Baluchistão que habitualmente realiza ataques também no território iraniano, embora os principais alvos sejam as forças de segurança paquistanesas.

O Ministério das Relações Exteriores do Paquistão descreveu os ataques como “altamente coordenados” e direcionados a “atividades terroristas iminentes”. O documento reafirmou o compromisso do país em “proteger a segurança nacional contra todas as ameaças” e acrescentou que vários terroristas foram mortos na operação, baseada em inteligência e focada especificamente em esconderijos terroristas.

Teerã condenou fortemente os ataques, alegando a morte de civis, e convocou o principal diplomata do Paquistão no Irã para obter explicações.

Os contra-ataques representam as invasões transfronteiriças mais evidentes em anos e alertaram para a instabilidade generalizada no Oriente Médio, segundo a agência Reuters. A escalada teve início com o ataque do Hamas em Israel que matou 1,2 mil pessoas no dia 7 de outubro de 2023. A resposta foi dura, e desde então a Faixa de Gaza está sob fogo permanente, com mais 23 mil palestinos mortos.

Diplomacia

Apesar das hostilidades, os dois lados indicam o desejo de manter a situação sob controle. O Irã reiterou seu compromisso com boas relações com o Paquistão, mas instou Islamabad a evitar a formação de “bases terroristas” em seu território.

O governo paquistanês, por sua vez, emitiu uma declaração semelhante, destacando que o ato recente visava exclusivamente a segurança e o interesse nacional do país, aspectos considerados prioritários e não negociáveis.

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