A China pediu ações imediatas do governo afegão para proteger seus cidadãos após a morte de um chinês na província de Takhar, no Afeganistão, em uma emboscada inicialmente reivindicada pela Frente de Mobilização Nacional. Dias depois, o Estado Islâmico-Khorasan (EI-K) também assumiu a responsabilidade, gerando incerteza sobre a autoria.
“Estamos profundamente chocados com o ataque e condenamos veementemente o ocorrido”, declarou Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, que falou à revista Newsweek e exigiu investigações e punições aos culpados.

A confusão sobre a autoria reflete a instabilidade crescente na região, onde grupos insurgentes disputam território e influência. Beijing alertou para a escalada de ataques contra cidadãos chineses no Afeganistão e no Paquistão, destacando a necessidade de ações eficazes contra o terrorismo.
Embora mantenha relações pragmáticas com o Taleban, a China não reconheceu oficialmente o governo afegão. O incidente também evidencia as dificuldades dos radicais afegãos em conter grupos como o EI-K, que intensificaram operações na região desde 2021.
Chineses na mira do EI-K
China e Taleban têm se aproximado cada vez mais, inclusive com a celebração de um acordo para exploração de uma reserva de petróleo afegã por parte de uma empresa chinesa em janeiro de 2023. Porém, a relação entre ambos é impactada pela violência contra cidadãos chineses no Afeganistão.
O primeiro episódio ocorreu em dezembro de 2022 no Longan Hotel, local bastante frequentado por chineses. À época, Beijing chegou a emitir um comunicado a seus cidadãos para que deixassem o Afeganistão “o mais rápido possível” devido à insegurança.
Na ocasião do atentado, Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, já havia cobrado uma “investigação completa” do ocorrido, instando o Taleban a adotar “medidas firmes e resolutas para garantir a segurança dos cidadãos, instituições e projetos chineses no Afeganistão”.
No início de 2023, por ocasião do acordo comercial, Wang Yu, embaixador chinês em Cabul, voltou a citar a questão. “Acredito e espero que o lado afegão tome medidas práticas e eficazes para garantir uma operação tranquila e segura do projeto, de modo a aumentar a confiança de mais investidores estrangeiros para desenvolver seus negócios no Afeganistão”, disse ele.