Com acessos bloqueados por Israel, Gaza sofre sem água, gás, eletricidade e comida

ONU condena ação de Israel de isolar o enclave, onde 80% da população depende de ajuda humanitária para obter itens essenciais

Após o ataque sem precedentes realizado pelo Hamas no sábado (7), Israel respondeu com uma pesada ofensiva que se intensifica diariamente. Nesta terça-feira (10), segundo a agência Reuters, as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) realizaram o mais violento ataque nos 75 anos de conflito com os palestinos. Paralelamente, o governo israelense impôs um bloqueio que isolou a Faixa de Gaza, deixando inclusive a população civil local sem água, gás, eletricidade e comida.

“Em Gaza, os danos causados ​​à água, ao saneamento e às instalações de higiene prejudicaram os serviços a mais de 400 mil pessoas”, disse na segunda-feira (9) o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha). “A central elétrica de Gaza é agora a única fonte de eletricidade e poderá ficar sem combustível dentro de alguns dias.”

Protestos populares na Faixa de Gaza em 2018 (Foto: IDF/Flickr)

De acordo com a rede BBC, a ajuda humanitária não chega ao enclave desde o dia do ataque, sendo que 80% das cerca de 2,3 milhões de pessoas que ali vivem dependem do suporte externo para sobreviver. Israel e Egito habitualmente realizam um controle severo de tudo que entra e sai da região, e agora o reabastecimento está totalmente paralisado devido ao “cerco total” que foi imposto.

A promessa de que nada entraria em Gaza foi feita por Yoav Gallant, ministro da Defesa de Israel. “Sem eletricidade, sem comida, sem água, sem gás… está tudo fechado”, disse ele. “Estamos lutando contra os animais e agindo de acordo.”

Jens Laerke, porta-voz do Ocha, disse durante entrevista coletiva em Genebra, na Suíça, que “o deslocamento aumentou dramaticamente em toda a Faixa de Gaza, atingindo mais de 187,5 mil pessoas desde sábado. A maioria está abrigada em escolas.”

Os ataques também atingiram sete instalações de saúde e quatro ambulâncias, com seis profissionais de saúde mortos e quatro feridos, de acordo com comunicado publicado pelo Ocha em seu site. “Os ataques aéreos e bombardeios israelenses atingiram casas e prédios de apartamentos, com quatro grandes torres residenciais destruídas na cidade de Gaza”, diz o texto.

A violência não poupa nem as crianças, com 78 menores mortos nos primeiros dias de conflito, segundo a ONG Save The Children. “Relatos de crianças palestinas mortas e feridas em ataques aéreos e de crianças israelenses raptadas e mantidas reféns exacerbaram os receios de um impacto psicológico sem precedentes”, disse a entidade.

Jason Lee, diretor da ONG para o território palestino ocupado, afirmou ainda que “nossas equipes e suas famílias estão aterrorizadas. Eles se sentem como alvos fáceis”. E acrescentou que “as crianças em toda a região estão em constante medo”, instando Israel e Hamas a encerrarem as hostilidades, “caso contrário as crianças continuarão pagando o preço.”

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