Doze anos de conflito deixam metade da população passando fome na Síria

Programa Mundial de Alimentos diz que precisa de US$ 450 milhões para manter auxílio a mais de 5,5 milhões de pessoas até o final de 2023.

Cerca de 12,1 milhões de sírios, mais de 50% da população, estão atualmente em situação de insegurança alimentar, e outros 2,9 milhões correm o risco de enfrentar fome. O dado é do Programa Mundial de Alimentos (PMA), que ressalta a urgência em ampliar a ajuda humanitária enquanto o país luta com o impacto dos terremotos recentes e o conflito que já dura 12 anos.

Atualmente, um salário mensal médio na Síria cobre cerca de um quarto das necessidades alimentares de uma família. Outros dados recentes mostram que as taxas de nanismo e desnutrição materna atingiram níveis nunca vistos.

Os terremotos de 6 de fevereiro ocorreram quando os preços dos alimentos na Síria já estavam subindo. A seleção padrão de itens que o PMA usa para monitorar a inflação quase dobrou de preço em 12 meses e é 13 vezes mais cara do que três anos atrás.

Para o PMA, os tremores destacaram a necessidade urgente de aumentar a assistência humanitária na Síria, não apenas para as pessoas atingidas, mas também para aqueles que já lutavam com o aumento dos preços dos alimentos, a crise de combustível e os choques climáticos consecutivos.

A tendência é a de que os valores continuem subindo. Os alimentos e combustíveis estão no seu ponto mais alto em uma década, após anos de inflação e desvalorização da moeda.

Criança no acampamento de Roj, no nordeste da Síria (Foto: Unicef/Alessio Romenzi)
Resultado da desnutrição

A agência da ONU alerta que as taxas de nanismo infantil atingiram 28% em algumas partes do país, e a prevalência de desnutrição materna é de 25% no nordeste.

O PMA adiciona que a Síria costumava ser autossuficiente na produção de alimentos, mas anos de instabilidade a colocaram entre os seis países com maior insegurança alimentar do mundo, com forte dependência de importações. Além disso, a infraestrutura danificada, o alto custo de combustível e as condições de seca reduziram a produção de trigo da Síria em 75%.

Crise de financiamento

O PMA fornece assistência alimentar para 5,5 milhões de pessoas em todo o país, com distribuição de alimentos, programas de nutrição, merenda escolar, assistência em dinheiro e apoio para meios de subsistência.

Desde que o terremoto atingiu o norte da Síria, a agência levou ajuda a 1,7 milhão de afetados pelo terremoto, incluindo pessoas que já se beneficiam de auxílio alimentar mensal.

Mas uma crise de financiamento ameaça reduzir a assistência. A agência requer de US$ 450 milhões para manter o auxílio a mais de 5,5 milhões de pessoas em toda a Síria até o final de 2023. Isso inclui US$ 150 milhões para apoiar 800 mil afetados pelos terremotos por seis meses.

Sem recursos suficientes, o PMA terá que reduzir drasticamente o número de beneficiários que atende a partir de julho, deixando milhões de pessoas em profunda necessidade sem apoio alimentar.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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