EI-K assume autoria de ataque a bomba que matou jornalista no Afeganistão

Hamid Seighani trabalhava na emissora local Ariana News e foi a única vítima fatal da explosão que atingiu um micro-ônibus na cidade de Cabul

Um ataque a bomba contra um micro-ônibus na cidade de Cabul, capital do Afeganistão, matou uma pessoa e deixou ao menos outras quatro feriadas no sábado (13). A vítima fatal da explosão é o jornalista Hamid Seighani, que trabalhava na emissora local Ariana News. As informações são da rede indiana NDTV.

Em um grupo do Telegram, o Estado Islâmico-Khorasan (EI-K), grupo extremista afegão que faz oposição ao Taleban, assumiu a autoria da ação. A facção afirma que o ataque atingiu “20 apóstatas xiitas”, número que não foi confirmado pelas autoridades locais.

Hamid Seighani, jornalista morto em ataque a bomba no Afeganistão (Foto: reprodução/Facebook)

Na segunda-feira (15), dois dias depois do ataque que matou Seighani, uma bomba explodiu em um carro e deixou outras duas pessoas feridas na capital afegã. As vítimas, que foram levadas ao hospital, estavam em um taxi próximo à explosão. Nenhum grupo assumiu a autoria desta ação.

O EI-K tem protagonizado atentados devastadores no Afeganistão desde que o Taleban ascendeu ao poder, entre eles o ataque ao aeroporto de Cabul, durante o processo de retirada das tropas estrangeiras do país. Recentemente, as ações mais mortíferas do grupo foram a explosão de uma mesquita de Kunduz e o ataque a um hospital de Cabul.

Por que isso importa?

No Afeganistão, o EI-K tende a ser o principal opositor doméstico do Taleban. O grupo, que é uma facção regional do Estado Islâmico (EI), trata os talibãs como apóstatas, sob a acusação de que abandonaram a jihad por uma negociação diplomática. Isso tornaria válido o assassinatos de combatentes do Taleban, conforme a interpretação das leis islâmicas.

Militarmente, porém, a vantagem no Afeganistão é do Taleban, que fortaleceu seu arsenal durante e após a retirada de tropas estrangeiras do país e tende a agregar novos recrutas agora que governa o país. São cidadãos afegãos e mesmo estrangeiros que buscam proteção e meios para sobreviver.

O que distancia os dois grupos é a base ideológica. O Taleban é adepto de uma interpretação do Islã que defende a subserviência da mulher, proíbe muitas tecnologias e o entretenimento, aceitando apenas o conhecimento inspirado por Deus. Já o EI-K prega ideologia ultraconservadora do islamismo Sunita, apoiando a Sharia (lei islâmica) e castigos corporais. Acredita que o mundo deveria seguir os preceitos históricos do Islamismo.

No Brasil

Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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