Em meio a protestos internacionais, Irã executa mais três manifestantes

Grupos de direitos humanos afirmam que os homens foram submetidos a tortura e forçados a fazer confissões

O Irã executou três homens na manhã (horário de Teerã) desta sexta-feira (19), informou a agência de notícias do Judiciário local, Mizan Online. As acusações contra Majid Kazemi, Saleh Mirhashemi e Saeed Yaghoubi incluíam “guerra contra Deus” e colaboração com grupos terroristas. As informações são da rede BBC.

As autoridades disseram que os homens mataram um policial e dois membros da milícia Basij, grupo paramilitar voluntário a serviço da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC, na sigla em inglês). As mortes ocorreram em Isfahan, a terceira maior cidade do país, em novembro de 2022, durante protestos generalizados após a morte de Mahsa Amini, jovem que perdeu a vida após violenta abordagem policial por ter usado de forma incorreto o hijab, o véu muçulmano.

Segundo a ONG Anistia Internacional (AI), eles foram submetidos a julgamentos injustos e supostamente torturados. Também foram forçados a fazer declarações incriminatórias que formaram a base dos processos criminais contra eles.

No início desta semana, as famílias dos três homens, temendo que suas sentenças fossem executadas em breve, realizaram um protesto em frente à prisão central de Isfahan, onde os detidos estavam presos. Além disso, eles divulgaram vídeos e pediram apoio da população.

Protesto contra a pena de morte no Irã em San Francisco, nos Estados Unidos (Foto: Steve Rhodes/Flickr)

Em dezembro, Mohsen Shekari se tornou a primeira pessoa a ser enforcada por supostos crimes relacionados aos protestos, após ser acusado de interromper o trânsito e agredir um guarda. Poucos dias depois, Majid Reza Rahnavard, de 22 anos, também foi executado por ter sido condenado sob a acusação de “travar guerra contra Deus” durante os protestos.

De acordo com a Agência de Notícias da República Islâmica, pelo menos 22 mil pessoas foram presas em todo o país durante as manifestações que se seguiram. A ONG Iran Human Rights (IRW) divulgou que pelo menos 537 pessoas foram mortas pelo regime, embora o governo nunca tenha assumido a responsabilidade pelo ocorrido com Mahsa.

Segundo o IHR, 13 execuções foram registradas em 18 de maio e pelo menos 90 pessoas foram executadas desde o início do mês.

Protestos contra o regime irromperam em todo o país nesta sexta em resposta às execuções.

Máquina de matar

As execuções têm aumentado nos últimos meses, em meio aos protestos em todo o país contra a repressão estatal. Eles começaram em setembro de 2022 após a morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos que visitava Teerã, capital do país, quando foi abordada pela “polícia da moralidade” por não usar “corretamente” o hijab, o véu obrigatório para as mulheres.

Os protestos começaram no Curdistão, província onde vivia Mahsa, e depois se espalharam por todo o país, com gritos de “morte ao ditador” e pedidos pelo fim da República Islâmica. As forças de segurança iranianas passaram a reprimir as manifestações de forma violenta, com relatos de centenas de mortes.

“A máquina de matar do governo está acelerando”, afirmou Mahmood Amiry Moghaddam, diretor da ONG Iran Human Rights (IHR). “O objetivo é intimidar as pessoas, e as vítimas são as pessoas mais fracas da sociedade”, acrescentou, referindo-se ao fato de que a maioria dos condenados pertence a minorias étnicas iranianas.

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