A ONG Anistia Internacional publicou um relatório que acusa Israel de cometer genocídio contra os palestinos na Faixa de Gaza. O documento detalha ações militares e políticas israelenses que, segundo a organização, visam a destruição física do povo palestino. “Os resultados devastadores devem servir como um alerta para a comunidade internacional: isso é genocídio. É preciso parar agora”, afirmou a secretária-geral Agnès Callamard.
Desde outubro de 2023, quando Israel lançou uma ofensiva militar após ataques do Hamas, mais de 42 mil palestinos morreram, incluindo 13,3 mil crianças, e 97 mil ficaram feridos. A destruição em Gaza atingiu níveis inéditos, com cidades arrasadas, infraestrutura essencial destruída e milhões de pessoas deslocadas sob condições insalubres.
“Aqui em Deir al-Balah, é como um apocalipse… Não há água limpa, não há banheiros, enquanto as bombas não param. Você se sente sub-humano aqui”, disse um sobrevivente identificado apenas como Mohammed.
A organização baseia suas conclusões em uma investigação que inclui mais de 200 entrevistas, imagens de satélite e análise de declarações de autoridades israelenses. Entre os atos identificados estão bombardeios deliberados contra civis, deslocamentos forçados e bloqueios que dificultam o acesso a ajuda humanitária.
“Israel sabia do impacto irreparável de suas ações e, mesmo assim, persistiu, ignorando ordens da Corte Internacional de Justiça (CIJ) para permitir assistência humanitária”, acrescentou Callamard.
Israel justificou suas ações como parte de uma campanha militar para destruir o Hamas, mas o relatório rebate a alegação. “A presença de combatentes do Hamas perto ou dentro de uma área densamente povoada não isenta Israel de suas obrigações de tomar todas as precauções viáveis para poupar civis e evitar ataques indiscriminados ou desproporcionais.”, afirma a Anistia.
A investigação também destaca declarações de altos funcionários israelenses que justificaram ou incitaram atos genocidas. “Essa visão dos palestinos como descartáveis e não dignos de consideração é, em si, evidência de intenção genocida”, conclui o relatório.
O documento exige ações imediatas da comunidade internacional, incluindo a interrupção de transferências de armas para Israel e sanções contra os responsáveis por crimes de guerra.
“Estados que continuam a transferir armas para Israel neste momento devem saber que estão violando sua obrigação de prevenir genocídio e correm o risco de se tornarem cúmplices de genocídio. Todos os estados com influência sobre Israel, particularmente os principais fornecedores de armas como os EUA e a Alemanha, mas também outros estados-membros da UE, o Reino Unido e outros, devem agir agora para pôr fim imediato às atrocidades de Israel contra os palestinos em Gaza.”, diz Callamard.
A Anistia também pede que o Tribunal Penal Internacional (TPI) inclua o genocídio em suas investigações e que prisões sejam realizadas contra os acusados de crimes contra a humanidade, como o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Apesar das acusações, o relatório condena igualmente os crimes cometidos pelo Hamas em outubro de 2023, incluindo ataques indiscriminados e sequestros, destacando a necessidade de responsabilizar todas as partes envolvidas.