Escola para meninas afegãs deixa o país temporariamente e se muda para Ruanda

Ruanda é um dos países que, segundo os Estados Unidos, aceitou receber refugiados afegãos desde que o Taleban chegou ao poder

Com o Taleban no comando do Afeganistão, o único internato para meninas do país teve que se mudar, ao menos temporariamente, para Ruanda. A Sola (Escola de Liderança do Afeganistão, da sigla em inglês) alega que será realocada para uma temporada de “estudos no exterior”, segundo a rede Voice of America (VOA).

SOLA está se reassentando, mas nosso reassentamento não é permanente. Um semestre no exterior é exatamente o que estamos planejando. Quando as circunstâncias locais permitirem, esperamos voltar para casa, no Afeganistão”, disse no Twitter Shabana Basij-Rasikh, cofundadora da escola.

Ruanda é um dos países que, segundo os Estados Unidos, aceitou receber refugiados afegãos desde que o Taleban chegou ao poder.

“Essas meninas não podem ir embora e você não pode desviar o olhar. Se há uma coisa que peço ao mundo, é esta: não desvie os olhos de Afeganistão”, disse Basij-Rasikh. “Meu compromisso com as mulheres e meninas de meu país, assim como meu compromisso com meus alunos, é inabalável. Eles são chamas que nunca se apagam”.

Em um vídeo igualmente postado no Twitter a cofundadora mostra registros de alunas sendo queimados, a fim de não deixar pistas sobre a identidade das meninas para os talibãs.

Escola para meninas afegãs deixa o país temporariamente e se muda para Ruanda
Alunas da Sola, o único internato para meninas do Afeganistão (Foto: divulgação/sola-afghanistan.org)

Por que isso importa?

A chegada do Taleban ao poder tem sido particularmente devastadora para as mulheres, que voltaram a viver sob um regime repressivo baseado numa interpretação radical do Islã, segundo a Radio Free Europe.

Entre as imposições dos talibãs às mulheres que voltaram a viger no Afeganistão estão a proibição de saírem de casa desacompanhadas, o veto à educação em escolas e ao trabalho e inúmeros casos de mulheres solteiras ou viúvas forçadas a se casar com combatentes.

Quem não cumpre as regras sofre com as consequências. As punições incluem espancamentos públicos, outro antigo meio de repressão dos fundamentalistas. Para lembrar as afegãs de suas obrigações, os militantes ergueram cartazes em algumas áreas para informar os moradores sobre as novas (velhas) regras. Em partes do país, as lojas estão proibidas de vender mercadorias a mulheres desacompanhadas.

Em determinadas áreas, a educação é permitida para meninas somente até a quarta série. A perseguição também ocorre com homens, que são proibidos de aparar as barbas e têm a obrigação de orar cinco vezes por dia. Ouvir música e assistir à televisão também são atividades expressamente proibidas.

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