EUA consideram tirar Houthis da lista de terroristas em troca de estabilidade no Mar Vermelho

Tim Lenderking, enviado especial dos EUA para o Iêmen, deixou a porta aberta para Washington remover a designação de do grupo rebelde, desde que os ataques a embarcações tenham fim

Os Estados Unidos estão abertos a retirar os rebeldes Houthis da lista de organizações terroristas, desde que os jihadistas parem de atacar navios cargueiros no Mar Vermelho e no Golfo de Aden. Desde novembro, o grupo mantém reféns os 25 tripulantes do navio de carga Galaxy Leader, de propriedade britânica e operado por japoneses. As informações são do jornal The Jerusalem Post.

Tim Lenderking, enviado especial dos EUA para o Iêmen, afirmou que a libertação dos marinheiros mostraria uma vontade de reduzir a escalada por parte dos Houthis, que são apoiados pelo Irã.

Lenderking expressou esperança em “soluções diplomáticas”, sugerindo que Washington consideraria a remoção do grupo rebelde iemenita da lista de organizações terroristas, mas sem garantias automáticas.

Ele expressou preocupação com o impacto dos ataques Houthis no processo de paz do Iêmen durante suas reuniões na Arábia Saudita e em Omã. Lenderking também destacou que a solução diplomática é preferível, reconhecendo que “não há solução militar para o conflito”, segundo repercutiu a agência Reuters.

EUA e Reino Unido lançaram ataques ao Iêmen em janeiro de 2024 para impedir os Houthis de atacar navios comerciais sob a justificativa de interromper a navegação marítima (Foto: WikiCommons)

Em novembro, Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, reafirmou os Houthis como terroristas. À época, ele disse que a designação visa responsabilizar as atividades terroristas do grupo. “Se os Houthis interromperem seus ataques no Mar Vermelho e no Golfo de Aden, os EUA revisarão essa designação.”

Os Houthis foram designados como uma organização terrorista pelos Estados Unidos no fim da era Trump, em janeiro de 2021. No entanto, essa designação foi posteriormente retirada por Blinken em 2021, durante o governo Joe Biden, devido a preocupações de que o rótulo poderia prejudicar a capacidade de prestar assistência ao povo do Iêmen.

Usando drones e mísseis em seus ataques, os Houthis começaram a atacar navios comerciais em novembro, sob o argumento de que eles servem a Israel e declarando apoio aos palestinos de Gaza durante no conflito entre o Estado judeu e o Hamas. Atualmente, porém, mesmo navios sem relação com Israel têm sido atacados.

Inclusive um navio que carregava milho brasileiro rumo ao Irã, país que apoia os Houthis, foi alvo em fevereiro. O MV Star Iris foi atacado por dois mísseis, que causaram pequenos danos ao navio, sem registro de pessoas feridas.

Os EUA e o Reino Unido conduziram uma série de ataques aéreos contra os Houthis em retaliação. Como resultado da ofensiva, o frete ficou mais caro, gerando a expectativa de que a economia global seja afetada. Pela região passa cerca de 15% do comércio global.

Iêmen devastado

A situação do povo do Iêmen, especialmente das crianças, com uma média de uma criança morta ou ferida a cada dois dias devido a minas e outros dispositivos explosivos, segundo a ONG Save The Children. Embora o número de crianças afetadas por ataques aéreos e bombardeios tenha diminuído desde 2018, o número de crianças feridas por explosivos aumentou significativamente. Quase metade desses incidentes resultou em fatalidades.

As crianças correm o risco de encontrar minas enquanto brincam, buscam água ou cuidam dos rebanhos, sem terem experiência para identificar ou evitar esses perigos. Além disso, o conflito prolongado inundou o país com minas e artefatos não explodidos, colocando mais de 11 milhões de crianças em uma situação desesperadora à espera de assistência humanitária urgente, de acordo com a ONU News.

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