A mais recente agressão dos rebeldes Houthis no Mar Vermelho teve como alvo uma embarcação que partiu do Brasil. O MV Star Iris carregava milho brasileiro rumo ao Irã, na segunda-feira (12), quando foi atacado por dois mísseis, que causaram pequenos danos ao navio, sem registro de pessoas feridas. As informações são da agência Reuters.
O grupo rebelde baseado no Iêmen, que conta com apoio do governo iraniano, tem atacado navios na região sob o argumento de que eles servem a Israel. Trata-se de uma resposta direta à operação militar do Estado judeu na Faixa de Gaza, que por sua vez é uma reação ao ataque do Hamas em território israelense ocorrido em 7 de outubro de 2023.
Atualmente, porém, as ações dos rebeldes são cada vez mais aleatórias, atingindo inclusive navios sem qualquer relação direta com Israel. Mesmo embarcações com bandeiras de países que não apoiam a luta contra o Hamas estão sob ameaça. Agora, curiosamente, é Teerã que acaba sofrendo com a agressão, vez que o MV Star Iris leva milho ao país.
“Militantes Houthis apoiados pelo Irã dispararam dois mísseis de áreas do Iêmen controladas pelos Houthis em direção a Bab al-Mandeb. Ambos os mísseis foram lançados em direção ao MV Star Iris, um navio cargueiro de propriedade grega e com bandeira das Ilhas Marshall que transitava pelo Mar Vermelho transportando milho do Brasil”, disse através da rede social X o Comando Central (CENTCOM, na sigla em inglês) das Forças Armadas dos EUA.
O governo norte-americano também reforçou que o navio se manteve em condições de navegar após o ataque, tendo sofrido apenas “pequenos danos e sem ferimentos à tripulação”. E acrescentou: “Digno de nota, o destino do MV Star Iris é Bandar Iman Khomeini, no Irã.”
Houthi Attack in Bab al-Mandeb
— U.S. Central Command (@CENTCOM) February 13, 2024
On Feb. 12 from 3:30 to 3:45 a.m. (Sanaa time), Iranian-backed Houthi militants fired two missiles from Houthi-controlled areas of Yemen toward the Bab al-Mandeb. Both missiles were launched toward MV Star Iris, a Greek-owned, Marshall… pic.twitter.com/vfihRaw0rr
Yahya Saree, porta-voz do grupo rebelde iemenita, justificou o ataque sob o argumento de que o navio é norte-americano. Entretanto, os sistemas de rastreamento de tráfego marítimo atestam a alegação do Centcom de que, na verdade, ele é de propriedade de uma empresa da Grécia.
O site Marine Traffic informa que a embarcação segue seu trajeto pelo Mar Vermelho e tem previsão de chegar ao Irã no dia 19 de fevereiro. Ele partiu do Porto de Vila do Conde, no Pará, no dia 13 de janeiro.
Segundo uma autoridade de segurança ouvida pela Reuters, o ataque não pegou Teerã de surpresa. O objetivo da agressão seria “mostrar que o Irã não controla os Houthis e que eles agem de forma independente”, e para isso o governo iraniano teria sido informado com antecedência do ataque.
Devido às sanções impostas pelos Estados Unidos, diversos países que costumavam vender milho ao Irã deixaram de negociar, temendo represálias. O Brasil se manteve como um dos poucos dispostos a exportar o produto a Teerã, tornando-se assim o principal fornecedor.
Em 2022, as vendas de milho brasileiro ao Irã atingiram o recorde de US$ 2,01 bilhões, e em 2023 sofreram uma queda para US$ 829 milhões, de acordo com o site Trading Economycs, que reproduz dados da ONU (Organização das Nações Unidas).