Grupo humanitário denuncia onda de execuções no Kuwait e vê direito internacional violado

Segundo a Anistia Internacional, país do Oriente Médio enforcou cinco pessoas em um dia, com mais de dez casos em oito meses

No Kuwait, a pena de morte ficou suspensa por cinco anos, entre 2017 e 2022. Desde que retomou as execuções, porém, o governo passou a aplicá-las sem moderação. A situação levou a ONG Anistia Internacional a acusar o país do Oriente Médio de violar o direito internacional.

De acordo com a Anistia, mais de dez pessoas foram executadas no intervalo de cerca de oito meses desde que a prática foi retomada, em novembro de 2022. Somente na quinta-feira (27) a pena de morte foi aplicada cinco vezes, sendo uma das condenadas uma mulher acusada de tráfico de drogas.

Protesto contra a pena de morte em Paris, julho de 2008 (Foto: Flickr)

“O governo do Kuwait executou uma dúzia de pessoas em menos de um ano, alegando uma abordagem ‘dura contra o crime’ que atende aos piores instintos das pessoas”, disse a ONG em comunicado. “A execução de um indivíduo por um delito relacionado a drogas viola o direito internacional, que proíbe o uso da pena de morte para tal crime.”

O Ministério Público do Kuwait usou o Twitter para divulgar os nomes dos cinco condenados executados na quinta. Três réus foram condenados por homicídio, um por facilitar a logística de um atentado terrorista realizado pelo Estado Islâmico (EI) em junho de 2015 e uma mulher por “posse com intenção de traficar e usar drogas intoxicantes e que alteram a mente.”

“Não há evidência crível de que tais execuções pelo Estado tenham um efeito mais dissuasor sobre os crimes do que as penas de prisão. A Anistia Internacional apela às autoridades do Kuwait para que estabeleçam imediatamente uma moratória oficial sobre as execuções com vista à abolição da pena de morte”, disse Rawya Rageh, vice-diretora interina da ONG para o Oriente Médio e o Norte da África.

O grupo humanitário destacou, ainda, o fato de que a pena de morte passou a ser aplicada com maior frequência nos últimos anos pelos países do Conselho de Cooperação do Golfo, entidade de integração econômica que reúne Omã, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Catar, Bahrein e Kuwait.

“A Arábia Saudita executou mais de 50 pessoas até agora em 2023, inclusive por delitos relacionados a drogas”, diz a Anistia. “O Bahrein retomou as execuções em 2017 depois de interrompê-las por mais de seis anos e executou seis pessoas desde a retomada.”

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