Guerra do Iêmen tem pior avanço em seis anos e voltou com ‘força total’, diz ONU

Disputa se acentuou depois que rebeldes houthis invadiram Marib, um dos últimos redutos do governo do Iêmen

A guerra no Iêmen registrou o pior avanço em meses e está de volta “com força total”, alertou o mediador da ONU (Organização das Nações Unidas) no país, Martin Griffiths, ao Conselho de Segurança nesta terça (16).

O Conselho busca um novo diálogo entre as partes no conflito, que conduziu o Iêmen à pior crise humanitária do mundo. A deterioração causada pela nova escalada de violência é a maior desde o início do conflito, há seis anos, disse Griffiths.

A disputa se acentuou após ofensiva dos rebeldes houthis na cidade de Marib, último reduto do governo iemenita, ao norte do país. Além disso, outros fronts surgiram no conflito. “Há escaladas militares em Hajjah, Taiz e Hudaydah. A guerra voltou com força total”, afirmou o mediador.

A guerra do Iêmen começou no final de 2014, após o grupo rebelde Houthi, alinhado ao Irã, expulsar o governo da capital Sanaa. Uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita interveio a favor dos antigos governantes, acusados de corrupção pelos houthis.

Guerra do Iêmen tem pior avanço em seis anos, alerta ONU
Crianças refugiadas após onda de violência entre a coalizão liderada pela Arábia Saudita e os rebeldes Houthi, em Aden, Iêmen, agosto de 2016 (Foto: Unicef/Ali Najib)

Marib intensificou disputa

A invasão em Marib, em fevereiro, já coloca um milhão de refugiados em risco. O país vive um aumento de ataques fronteiriços com mísseis e drones contra a infraestrutura civil e comercial da Arábia Saudita e em torno da capital Sanaa, registrou a Al-Jazeera.

No dia 7, um incêndio supostamente criminoso matou dezenas de migrantes e feriu mais de 170 em um centro de detenção da capital iemenita. A maioria dos refugiados vinha da Etiópia, disse a Reuters.

Segundo a organização HRW (Human Rights Watch), houthis teriam disparado os projéteis que iniciaram o fogo. Griffiths exigiu uma investigação independente e urgente sobre o caso.

Ao Conselho de Segurança, o enviado especial dos EUA, Tim Lenderking, afirmou que Washington prioriza o fim da guerra do Iêmen e já estimula a construção de um “plano sólido” para um cessar-fogo com os houthis.

Cerca de 80% dos 28,5 milhões de habitantes do Iêmen depende de alguma ajuda humanitária para viver, disse a ONU. Ao menos 400 mil crianças menores de cinco anos estão gravemente desnutridas e já não há combustível, água potável ou alimentos disponíveis em boa parte do país.

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