O Irã ameaçou nesta segunda-feira (16) abandonar o Tratado de não proliferação de armas nucleares (TNP), à medida que os bombardeios israelenses completam quatro dias e a escalada militar entre os dois países ameaça arrastar a região para uma guerra mais ampla. As informações são do jornal The Guardian.
A possibilidade de rompimento com o TNP foi anunciada pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Esmaeil Baghaei, que confirmou que o Parlamento prepara um projeto para formalizar a saída do acordo de 1968, que proíbe o desenvolvimento de armas nucleares e prevê inspeções internacionais. Entretanto, ele afirmou que “o Irã continua se opondo ao desenvolvimento de armas de destruição em massa”.
A ofensiva de Israel, iniciada com bombardeios surpresa na madrugada de sexta-feira (13), já deixou 224 mortos em território iraniano, sendo 90% civis, segundo o Ministério da Saúde do Irã. Do lado israelense, 31 civis morreram vítimas de mísseis lançados pelo Irã — oito deles nas últimas 24 horas — e cerca de 600 pessoas ficaram feridas, de acordo com números oficiais.

Os ataques de ambos os lados têm mirado instalações de petróleo e gás, elevando o risco de desastre ambiental. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou que os bombardeios israelenses danificaram estruturas em Isfahan, incluindo um laboratório químico central, uma planta de conversão de urânio, uma fábrica de combustível para reatores e uma instalação em construção para processamento de urânio para ogivas nucleares.
Mesmo com a superioridade aérea declarada por Israel, o Irã conseguiu lançar mísseis balísticos a partir de seu território. Segundo as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês), entre 80% e 90% dos mísseis foram interceptados, mas o restante atingiu áreas residenciais. Em Tel Aviv, trabalhadores de emergência relataram danos próximos à embaixada dos EUA, e três pessoas morreram em Haifa após explosões.
A capital iraniana vive um êxodo crescente de civis, e as estradas que saem de Teerã estão congestionadas. O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, prometeu represálias mais duras. “O ditador arrogante de Teerã tornou-se um assassino covarde que atira deliberadamente em civis israelenses”, escreveu nas redes sociais. “Os moradores de Teerã pagarão o preço, e em breve.”
Acordo de paz distante
A tensão atingiu também o plano diplomático. Conversas previstas entre Irã e Estados Unidos, que ocorreriam em Omã no domingo (15) foram canceladas. O presidente norte-americano, Donald Trump, evitou responder se tentaria conter os ataques.
O chanceler alemão, Friedrich Merz, declarou que a prioridade da Alemanha no encontro do G7, que começou no domingo (15) nas Montanhas Rochosas canadenses, é evitar que o Irã desenvolva armas nucleares. Ele também disse querer garantir o direito de Israel à autodefesa e criar espaço para a retomada da diplomacia. “Essa questão estará muito alta na agenda da cúpula do G7”, afirmou.