Iraque culpa Turquia por bombardeio que matou nove turistas em resort no Curdistão

Ancara realiza operações militares antiterrorismo na região, mas refuta as acusações e atribui a responsabilidade ao PKK

Um bombardeio atingiu um resort de montanha na cidade de Zakho, região do Curdistão iraquiano, perto da fronteira com a Turquia, na quarta-feira (20), deixando nove turistas mortos e ao menos 23 feridos. O governo do Iraque atribuiu o ataque às forças turcas, acusação refutada por Ancara. As informações são da rede britânica BBC.

Entre os mortos está um bebê de um ano, de acordo com comunicado divulgado pelo ministro da Saúde curdo, afirmando ainda que todas as vítimas morreram antes de chegar a um hospital.

“Nossos jovens estão mortos, nossos filhos estão mortos. A quem devemos recorrer? Só temos Deus”, disse Hassan Tahsin Ali, um homem ferido no ataque.

Cidade de Zakho, no Curdistão iraquiano (Foto: Wikimedia Commons)

Como resposta ao ataque, o governo do Iraque convocou o embaixador turco para exigir um pedido de desculpas. Também pediu que seu embaixador deixasse Ancara. “As forças turcas cometeram uma violação flagrante da soberania do Iraque”, tuitou o primeiro-ministro iraquiano Mustafa al-Kadhimi.

Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores da Turquia disse que a ação é responsabilidade de “organizações terroristas”, culpando especificamente a milícia curda PKK (Partido dos Trabalhadores Curdos). Disse, ainda, que o governo iraquiano não se deve influenciar por “propaganda terrorista”.

As forças turcas estão envolvidas em atividades militares na região norte do Iraque, parte das operações contra milícias curdas consideradas por Ancara grupos terroristas. O PKK luta pela autonomia curda na Turquia há três décadas e tem bases também na Síria, onde é representado pelo YPG (Unidade de Proteção do Povo).

Repúdio internacional

O ataque gerou uma nota de repúdio da Missão de Assistência da ONU para o Iraque (Unami). “Os civis estão mais uma vez sofrendo os efeitos indiscriminados das armas explosivas. Sob a lei internacional, os ataques não devem ser direcionados à população civil”, disse a missão. “A Unami, portanto, pede uma investigação completa para determinar as circunstâncias em torno do ataque e enfatiza que a soberania e a integridade territorial da República do Iraque devem ser respeitadas em todos os momentos”.

Os EUA também condenaram o ataque. “A morte de civis é inaceitável, e todos os Estados devem respeitar suas obrigações sob a lei internacional, incluindo a proteção de civis”, disse o porta-voz do Departamento de Estado Ned Price.

Em maio, a representante especial da ONU (Organização das Nações Unidas) no Iraque, Jeanine Hennis-Plasschaert, havia alertado para a escalada de tensão na região. “O que estamos vendo? Bombardeios e mísseis como o novo normal para o Iraque? Esta é uma maneira muito arriscada de promover interesses e enfraquece ainda mais o Estado do Iraque”, disse ela na ocasião.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News

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